quarta-feira, 24 de julho de 2013

Uma das muitas histórias da falange de Zé Pelintra




 Historia que se deu no sertão Pernambucano onde hoje se localiza a cidade de Exu. José Pereira de Souza, o vulgo Zé Pelintra, era o primogênito de uma família de cinco filhos. Zé veio ao mundo prematuro com poucas chances de vida. Então sua mãe lhe deu o nome de “José” em homenagem a São José, santo ao qual ela era muito devota, fez isso como uma maneira de apelar para que o santo salvasse a vida do seu filho, ou como Zé mesmo disse “Botaram meu nome José pra ver se eu escapava” e realmente escapou. Ainda muito jovem Zé teve de tutelar seus irmãos, pois perdeu seus pais cedo no inicio de sua adolescência. Sua mãe foi vitima de um câncer e seu pai veio a desencarnar logo após. Não tendo como sustentar seus irmãos em sua cidade natal, Zé foi tentar a vida na capital. Ao chegar a Recife tiveram que procurar abrigo nas ruas pernoitando pelo    chão do cais de Santa Rita. Por ali mesmo Zé fazia bicos na parte da manhã para alimentas seus irmãos e passando algum tempo ali conheceu garotas de programa e virou um cafetão.
 Na vida de aliciador de prostitutas, Zé conheceu alguns coronéis e homens de posses que iam ali para trair suas esposas. Como ele nunca fugia de brigas e se confiava muito em seu jogo de pernas, a famosa capoeira, um dia teve um bate boca com dois policiais e desse bate boca gerou uma briga em que nosso companheiro cortou a orelha de um deles, então começaram a atirar em direção ao malandro, que por milagre conseguiu fugir. Zé foi para a fazenda de um coronel que freqüentava o cais à procura de prostitutas e que o próprio Zé tinha livrado ele de um flagrante da esposa, gerando ai uma enorme gratidão. Seus irmãos estavam dando Zé como morto, porque depois da briga ninguém mais ouvia falar nele. Após alguns dias o coronel mandou buscar os irmãos de Zé e trazê-los em segurança para fazenda de onde seguiria em caminhões no famoso “pau-de-arara” para Rio de Janeiro, ao chegar por lá seus irmãos seguiram suas vidas e Zé foi morar no morro de Santa Tereza no bairro da lapa onde seguiu com sua profissão de Cafetão.
 Nesse seu vai e vem teve um filho com uma das prostitutas. Mesmo com um filho o malandro nunca se apaixonava por ninguém só era aventura, foi quando ele conheceu Amparo, mulher que mudaria sua vida em todos os sentidos, pois, ela era casada e os boatos começaram a correr no morro, deu-se que o marido dela soube da historia e marcou o encontrou com Zé em um bar, Zé se garantia muito e foi ao encontro sem armas, já o marido de Amparo conhecia a historia de Zé e não teve duvidas saiu de casa armado com o pensamento de matar Zé. Chegando   ao bar onde foi marcado o encontro ele gritou: Quem é Zé Pelintra?  Zé virou-se e disse: sou eu! Então o marido de Amparo que era oficial do exercito, alvejou Zé com vários tiros o levando ao desencarne. A partir daí começou o verdadeiro sofrimento de Zé Pelintra onde vagou por anos no umbral depois começou a perturbar por centros espíritas e virar obsesso de encarnados logo veio à fama de bagunceiro, demônio, entre outros termos pejorativos. Até hoje isso leva varias pessoas a fazer o sinal da cruz quando escutam o nome Zé Pelintra, e nessas idas e vindas nosso companheiro se deparou com uma provação, uma menina tinha caído em um poço e seus familiares não a encontravam. Depois de muito tempo já davam a menina como morta. Até que Zé a encontrou e colocou-a na porta de casa e a mãe perguntou a filha quem a trouxe, a criança ainda cansada disse: Foi José, e a mãe respondeu assim: Só pode ser José da luz, Nessa hora uma luz cobriu Zé, ele começou a refletir suas atitudes, começou a chamar por  Deus, diante disso, um espírito de luz o procurou e o aconselhou ao bem. Desse dia em diante, Zé começou a praticar o bem e hoje se vocês pararem um pouco para olhar as redes sociais e pesquisarem o nome “Zé Pelintra” vão ver que varias pessoas falam bem dele, quem realmente o conhece pode falar um pouco dessa entidade de luz

Mestre Sibamba




 Mestre Sibamba é uma entidade, onde sua história de vida relata as épocas da época da Brasil Império (Século XIX), veio de Portugal para o Ceará ainda criança.
Ao chegar aqui no Brasil, durante período de longa seca perdeu a mãe sendo criado pelo seu pai, que era dono de um bar.
 O Pai de Sibamba era alcoólatra e tendo Sibamba apenas dois anos de idade, o pai, na intenção de matá-lo, diariamente embriagava Sibamba, porém ao invés de morrer Sibamba se adaptou ao álcool e, portanto se tornando um bebedor de primeira. Já Adulto o pai faleceu e ele assumiu o bar.
 Por costume Sibamba bebia muito, mas nesta altura já era um grande catimbozeiro, culto fortemente enraizado no Nordeste, trazido pelos negros e agregados aos cultos indígenas e outros costumes, da miscigenação cultural do nosso País. Na linha Nagô, que significa “Rei de Magias”, ele sabia usar as ervas para banhos de cura, fazia partos (era um ótimo parteiro) tirava costelas montadas, rezava as crianças de mal olhados e tudo mais.
 Então Sibamba ficou conhecido como o maior juremeiro do Ceará. Com toda a fama que fizera despertou de alguns inveja e despeito, quando descobriram que montaram uma cilada para matar Sibamba. Como ele gostava de beber, fizeram uma festa em um cabaré e o embebedaram tanto até ele cair.
Porém Sibamba alem de catimbozeiro era forte e destemido, e para matá-lo foram necessário muitos homens.
 Com o passar do tempo e sua evolução na doutrina espiritual da Jurema, Sibamba designado pelos superiores para trabalhar na linha de Mestre, sendo considerado um dos maiores e respeitados até hoje. Sibamba como outros trabalham na falange de Zé, entre eles estão Zé Pelintra, Zé Malunguinho, Zé Pretinho, entre outros

Autor desconhecido.

segunda-feira, 18 de fevereiro de 2013

Fechado para Quaresma?



 Vejo essa indagação com grande preocupação, pois quando se fecha um terreiro por um determinado tempo quebrasse a corrente espiritual que une a todo que ali trabalham e é justamente nessa época do ano que devemos tomar muito cuidado.
 Muitos terreiros se encontram fechados por conta da quaresma, porém ela encobre o verdadeiro motivo, que é a falta de atualização por parte de alguns sacerdotes e sacerdotizas de umbanda.
 Quando essa atualização não ocorre, todos acabam criando um obstáculo ao conhecimento, que fica preso ao passado. Perde os terreiros que ficam fechados, perdem os médiuns que ficam sem proteção e perde a Umbanda por ter ainda pessoas que não procuram se instruir e se reciclar.
 A Quaresma é um sacramento que nada tem a ver com a Umbanda, pois nossa origem é afro e não européia. Vejamos abaixo no texto do babalaô Ronaldo Antônio Linares, que brilhantemente expõe e explica o assunto a toda comunidade umbandista.







Quaresma– Sim, devemos trabalhar durante a quaresma!
Quatrocentos anos de escravidão tornaram o Brasil um país de mestiços. Cinquenta por cento, ou mais, de sua população é de origem africana. Por isso é que, mesmo mantendo por todo esse ...tempo sua verdadeira crença nos Orixás, foi preciso esconder suas práticas religiosas nos rituais cristãos.

Nosso Calendário Litúrgico é cristão, então, São Jorge passou a ser Ogum; Nossa Senhora virou Iemanjá, Oxum e assim por diante, sempre ocultando dos brancos suas verdadeiras crenças pois sabiam que, se um dia conseguissem se libertar, só seriam aceitos de volta em sua terra se mantivessem seu próprio idioma, suas crenças, seus hábitos e costumes. Como parte dessa cultura religiosa IMPOSTA ficou para nós o já elaborado Calendário Cristão e, como ponto alto desse mesmo calendário, está a prática medieval de se observarem os quarenta dias de resguardo da Quaresma que antecedem a Sexta-Feira Santa e a Páscoa.

A princípio a igreja se mantinha de luto por quarenta dias, começando na Quarta-Feira de Cinzas. Os altares e as capelas menores eram cobertos com panos roxos (Nana?). Toda atividade artística alegre cessava e os Terreiros que funcionavam escondidos, temendo represálias por serem descobertos, cessavam suas atividades. Considerando que as atividades com os chamados Guias de Luz e com os Orixás estão paradas valem-se disso os que trabalham nas sombras, os espíritos dos malignos que aproveitam-se de estarem desprevenidos os homens bons para promoverem o mau.

A tradição de se fechar os Templos de Umbanda quando não havia liberdade de crença, não tem razão de ser no mundo atual. Muito ao contrário, é nessa época que NÃO DEVEMOS PARAR, é nessa época em que a quimbanda maligna trabalha à vontade, que o Templo deve estar preparado para, com o auxílio das Entidades de Luz, denunciar qualquer trabalho negativo que tenha sido feito para atrapalhar os Filhos de Fé ou frequentadores. Atualmente, interromper os trabalhos do Templo na Quaresma é descabido, é ingenuidade, é desconhecer que os inimigos trabalham nas trevas e que, se não temos o Preto-Velho, o Caboclo ou qualquer entidade que possa nos avisar do mau feito, estaremos desprotegidos, descobertos, ou seja, nas mãos dos inimigos. É preciso URGENTEMENTE esclarecer que a Quaresma não é Afro, é hebraico-europeia, e que já não é preciso se esconder de ninguém, pois nossa Constituição nos assegura o direito de liberdade de crença e os padres já não podem mais nos queimar nas fogueiras da inquisição.

Autor: Babalaô Ronaldo Antônio Linares

sábado, 22 de setembro de 2012

Oração do Bará

Quando as nuvens negras no teu caminho se atravessar, saibas que estou presente para todo mal levar.
Nas hotas abertas me chamas para teus caminhos não minguar.
Levanta, levanta filho não deixa as lanças te pisar, quem na terra pisa firme, o cavalo não vai tombar. 
As rédeas lhe foram dadas, agora em diante podes tocar a lura no dia e na noite, para não cair no caminho errado.
A corrente do bem e do mal sempre existirá na terra, mas se fores forte e malicioso a liberdade terás. Quando estiveres aflito saiba o punhal usar, para na terra lhe auxiliar sempre lhe livrando das pessoas traiçoeiras. 
Em baixo do teu pé esquerdo teus inimigos irão ficar, se tu estiveres amarrado eu te desamarro, se estiveres trancado eu lhe destranco, se estiveres acorrentado eu desacorrento. 
ALUPO ALUPO EXU, ALUPO ALUPO BARÁ! 
 Por Jussara Penha.

quarta-feira, 13 de julho de 2011

Homenagem ao Grande Exu Veludo



Meu amigo, meu enigma, minha curiosidade!
Por vezes estamos num diálogo amistoso de verdadeiras descobertas; entretanto, um de nós é perdedor - eu.
Cavaleiro imperioso e requintado, te apresentas aos meus olhos, alegre, forte, másculo, com sorriso franco, sarcástico e, por vezes, com uma irônica maldade, rápida e sagaz.
Desvendas as misteriosas cortinas do mundo; és atuante em todas as situações. Tiraz de mim a inércia, o desânimo, e fazes com que eu veja o mundo, aqui deste lado da Terra, bem melhor.
Na presença de tua vibração, escuto as melodias tangerem até mesmo as cordas do meu coração; dás-me a energia para a luta e envolves-me em tua capa contra os perigosos inimigos. Com teu sabre, agilmente cortas os empecílhos; com tua sabedoria, ceifas minha ingenuidade.
Saravá, Exu Veludo!

sexta-feira, 23 de abril de 2010

ORAÇÃO DOS DOZE MINISTROS DE XANGÔ



ORAÇÃO DOS DOZE MINISTRO DE XANGÔ

Salve São Jerônimo,São João e São José!
Saravá, oh poderoso Pai Xangô!
Saravá os Doze ministros de Xangô!
Saravá meu pai Xangô e seus doze ministros da sua corte ,
grande Orixá,rei da justiça.

Senhor do trovão raiado olhai por mim no poder desta reza. Xângô poderoso,pai bondoso,mas justiceiro,
peço aos teus Doze Ministros por mim,
para que me absolva no seu grande tribunal do céu e da terra.
Doze pedras sustentam tua coroa no mais altodos penhascos,
que pai Zambi te deu.Olhai por mim,meu pai.
Tu és um Deus,um orixá que reina no céu e na terra como:
Senhor Kaô
senhor Bá
Senhor Doju
Senhor Alafim
Senhor Agodô
Senhor Ajacá
Senhor Afunjá
Senhor Abomi
Senhor Sambará
Senhor Aganju
Senhor Airá
Senhor Baru

Estas são tuas faces,
que olham os teus filhos nesta terra de dor e de aflição.
Olha por mim meu pai,
e seus Doze Ministros sempre a meu lado e a meu favor.
Doze Ministros,Doze coroas,
Doze meses do ano eu vencerei e vencerá quem estiver ao meu lado,
pois assim,o meu pai,o senhor Xangô ,quer.
Ao 1º Ministro Abiódún
Eu peço pela minha saúde
Ao 2º Ministro Onikôvi
Eu peço vitória em tudo que eu queira e mereça.
Ao 3º Ministro Onanxókún
Eu peço perdão pelas minhas faltas
Ao 4º Ministro Obá Telá
Eu peço Amor, e que ele nunca me falte,que eu possa também dar a quem não tem.
Ao 5º Ministro Olugban
Eu peço justiça e que ela seja feita conforme sua vontade
Ao 6º Ministro Aresá
Eu peço coragem na luta , e nunca fugir dela.
Ao 7º Ministro Arê Otún
Eu peço sabedoria nas decisões.;
Ao 8º Ministro Otun-Onikôi
Eu peço autoridade para mandar pra longe de mim os inimigos.
Ao 9 Ministro Otun-Onanxókún
Eu peço fartura na minha vida e na minha casa.
Ao 10º Ministro Nfó
Eu peço verdade a qualquer custo.
Ao 11º Ministro Ossi-Onikôyi
Eu peço união com os meus e a todos que estejam do meu lado.
Ao 12º Ministro Fkô-Kabá
Eu peço a Misericórdia de Xangô,
pois essa é a reza de invocação aos doze ministros .
E com esta reza eu estarei protegido,estarei guardado pelo poder,
pela Luz e pela Glória do senhor da Justiça.
Kaô Cabecile!Meu Pai Xangô.
Que assim seja!
E para sempre seja louvado!

domingo, 18 de abril de 2010

Zé Pelintra


Sou guia,sou corrente,egrégora e proteção.Sou chapéu,sou terno,gravata e anel.Sou sertão,sertanejo,carioca,paulista,alagoano e Brasileiro.Sou Mestre,Malandro,Baiano,Catimbozeiro,Exu e Povo de Rua.Sou faca,facão e navalha.Sou armada,cabeçada e rasteira.Sou Lua cheia,sou noite clara,sou céu aberto.
Sou o suspiro dos oprimidos,sou a fé dos abandonados.Sou o pano que cobre o mendigo,sou o mulato que sobe o morro e o Doutor que desce a favela.
Sou Umbanda,Catimbó e Candomblé.Sou porta aberta e jogo fechado.Sou Angola e sou Regional.
Sou cachimbo,sou piteira,cigarro de palha e fumo de corda.Sou charuto,sou tabaco,sou fumo de ponta,sou brasa nos corações dos esquecidos.
Sou jogo de rua,sou baralho,sou dado e dominó.Sou cachetinha,sou palitinho,sou aposta rápida.Sou truco,sou buraco e carteado.
Sou proteção ao desamparado,sou o corte da demanda e a cura da doença.
Sou a porta do terreiro,sou gira aberta e gira cantada.
Sou ladainha,sou hino,sou ponto,sou samba e dou bamba.
Sou reza forte,sou benzimento,sou passe e transporte.
Sou gingado,sou bailado,sou lenço,sou cravo vermelho e sou rosas brancas.
Sou roda,sou jogo,sou fogo.Sou descarrego,sou pólvora,sou cachaça e sou Jurema.
Sou lágrima,sou sorriso,sou alegria e esperança.
Sou amigo,parceiro e companheiro.
Sou Magia,sou Feitiço,sou Kimbanda e sou demanda.
Sou irmão,sou filho,sou pai,amante e marido.Sou Maria Navalha,Sou Zé Pretinho,sou Tijuco Preto e sou Camisa Preta.
Sou sobrevivência,sou flexibilidade,sou jeito,oportunidade e sabedoria.
Sou escola,sou estudo,sou pesquisa e poesia.
Sou o desconhecido,sou o homem de história duvidosa,mas sou a história de muitos homens.
Sou a vida a ser vivida,sou palma a ser batida,sou o verdadeiro jogo da vida:

Eu Sou Zé Pelintra!

Salvos por Zé Pelintra

Zé Pelintra



Grande amigo de quem lhe é leal, gosta de sua cerveja Brahma,de seu cigarro hollywood,charutos,de wisky,coquinho da praia.Mulherengo,birrento,forte,bom de briga,vive nos cabarés da vida.Gosta de presentes caros,maior malandro do mundo da à volta em qualquer um,não gosta de tirar vantagem dos humildes mais àqueles que se julgam espertos estes sim ele e capaz de tirar até as cuecas,dono de uma personalidade fortíssima ele é nada mais nada menos que “Zé Pelintra” o dono da noite,se faz de desentendido pra atacar lá na frente,fala errado para que as pessoas pensem que ele é otário,mais quem acha isso ta muito enganado.

Está sempre disposto a ajudar quem lhe pede ajuda,junto com seus amigos desfaz qualquer demanda mais nunca tente enganá-los,pois se tentar verá sua vida se tornar uma verdadeira bagunça,nunca prometa nada a uma entidade que não vá cumprir também nunca os traia,pois a amizade é uma das coisas que mais tem valor para eles e a traição e a pior coisa que alguém pode fazer.

SALVE ZÉ PELINTRA!

Zé Pelintra



"...PALAVRAS DITAS PELO SEU ZÉ :
Sete caminhos andei.Cheguei.
Sete perigos passei.Passou.
Sete demandas venci.Conquistei.
Sete vezes tentaram me derrubar.Mais em pé fiquei.
Sete forças meu Pai Ogum me deu pra levantar e vencer.Mereci e agradeci.
Lute por aquilo que quer.
Erga sua cabeça.
Acredite.
Confie.
Tenha fé

Zé Pelintra


Com meu baralho eu desafio a qualquer um
Com meu punhal eu vou buscar meus inimigos...
Eu vou buscar seja morto ou seja vivo eu vou buscar...
ZÉ PELINTRA é vingativo (♪)

Zé Pelintra

7 vezes ele caiu
7 vezes levantou
7 vezes ele subiu pela mão de um rei e é rei
Salve seu Zé!
Salve a malandragem!

terça-feira, 8 de setembro de 2009

Ciganos

Povo Cigano faz sentir sua energia
Com sua magia e alegria de cantar
Com a força da lua e a luz do dia
Com a natureza eles sabem trabalhar...
Povo Cigano sabe o segredo
Com a força da fé
Ninguém vai nos derrubar..

Jurema

Jurema a sua folha cura o juremá.....
Jurema a sua flexa mata
Quem é filho da Mãe Jurema nunca se perde na mata!
Quem é filho da Mãe Jurema nunca se perde na mata!

Pretos-Velhos


Pisa no caminho devagar,Preto-Velho...
Pisa no caminho devagarPreta-Velha...
Olha que o caminho tem espinho Preto-Velho...
Olha que o caminho tem espinho Preto-Velha...
Vamos Saravá com Pretos !

Eres

Quem vem
Quem vem lá de tão longe
São os anjinhos que vêm trabalhar
Oi dai-lhes forças pelo amor de Deus meu Pai!
Oi dai-lhes forças pros trabalhos seus!

Omulu

Que Orixá é esse todo coberto de palhas
Ele é rei do sol,ele é rei da lua…
Ele é seu Xapanâ meu senhor
Seu Xapanâ,eu sou filho de fé
Seu Xapanã, eu sou filho de fé
Eu vou levar flores brancas senhor
Para receber seu Axé!

Ossain

Ossain!
O grande pai!
Vem cuidar de nós!
Vem cuidar de nós!
Só senhor tem o poder das folhas eee!
Vem me proteger!
Vem me proteger !

Nanã


Atraca, atraca
Que ai vem Nanã
Ê, á Atraca, atraca
Que ai vem Nanã
Ê, áÉ Nanã, é Axum
É quem vem saravá
Ê, áÉ Nanã, é Axum
É Mamãe Iemanjá !

Oxumarê

Eu vejo um arco-íris
Eu vejo um tesouro
É uma cobratoda feita de ouro
Aroboby arobobya
Aroboby aroboby
É cobratoda feita de ouro.

Oxosse

Ê Oxosse ê
Vem chegando de Aruanda
Ê Oxosse êpara salvar filhos de Umbanda
Na curimba xö, xö, xöna curimba xô, xô, xô
É Oxosse de bamba é o clima!

Iansã


Ela é a senhora dos ventos
Ela é a mais linda Orixá
Ela veio acalmar a tormenta
Quem mandou foi meu pai Oxalá
Iansã, minha Mãe Iansã
Sua espada de ouro no céu brilhou
Iansã, minha Mãe Iansã
Obrigada senhora
Porque a bonança chegou!

Ogum

Ogum passou na rua
Fez tremer a terra nos campos de batalha
Ogum venceu a guerra
Eeeee eeeea vamos saravar
Meu Pai Ogum
Eeeee eeeea vamos saravar
Meu Pai Ogum!

Xangô

Estava sentado em cima da pedra e a trovoada no mar roncou
Caô, Caô, Caô
Levanta filho que aí vem Xangô
Caô, Caô, Caô
Levanta filho que aí vem Xangô!

Oxum


Nas cachoeiras Mamãe Oxum tem seu altar
Nas cachoeiras todos caboclos vão rezar
Nas cachoeiras as águas correm sem parar
Tirando limo lá das pedra deixando elas a brilhar !

Yemanjá

Yemanjá com seu vestido branco ela vem lá do fundo mar
Vem trazendo as coisas lindas
As coisas que só existem lá
Yemanjá, ôoo…Yemanjá…
Traz seus presentese a paz de Oxalá !

Oxalá e Omulu


Meu Pai Oxalá é o rei,venha me valer
Meu Pai Oxalá é o rei,venha me valer
O velho omulu atotô baluaê...
Atotô baluaê atotô baluaê...
Atotô baba atotô baluaê...
Atotô é Orixá!

Capa Preta

Corre,corre Encruzilhada
Capa Preta já chegou
Vou passar lá na calunga
Capa Preta gargalhou
Vou Passar na Encruza
Capa Preta Chegou !

Exu Destranca-Rua

Exu Destranca-Rua
Destranca meu caminho que foi trancado
Pelo povo pequeninho
Arue arua arue arua
Salve o Destranca Rua!

Pomboriga Maria Farrapo


De bar em bar
Vem chegando na umbanda
Bebendo cachaçaela vem vencer demanda
Foi mulher da vida
Tem história pra contar
Saravá Maria Farrapo
Ena,ena mojubá !

Tatá Caveira

Soltaram o bode preto meia-noite na calunga..
Soltaram o bode preto meia-noite na calunga
Ele correu os quatro canto
Foi pará lá na porteira
Bebeu marafo com Tatá Caveira

Pombogira Maria Quitéria

Maria Quitéria
O Maria Quitéria seu brilho me seduz
Vou cantar pra você
Pra você ficar mais feliz
Gira! Quero ver você girar
Quando vejo o seu bailar
Faz a todo encantar
Se você vai festejar até o dia clarear
Tem magia aonde você está vem logo festejar!

Exu Caveira

Portão de ferro
Cadeado de madeira
Na porta do cemitério
Quem mora é exu caveira!

Maria Padilha das Almas

Abre essa tumba quero ver tremer
Abre essa tumba quero ver balancear
Maria Padilha das Almas
O cemitério é o seu lugar.
É na Calunga que a Padilha mora
É no barranco que a Padilha vai girar.

Exu Ventania

Naquela ventania
Oi gangá
Que vem do pé da serra
Exu,Exu Ventania oi gangá
Que vem do pé da serra

Maria Padilha

Trabalha na encruzilhada
Maria Padilha
Trabalha na encruzilhada
Toma conta,Presta conta
Ao romper da madrugada
Toma conta,Presta conta
Ao romper da madrugada
Pomba gira minha comadre
Me protege noite e dia
É por isso que eu vou na sua feitiçaria

Pombogira Rainha das 7 Encruzilhadas

QUEM PODE !PODE !
VOCÊ É A DONA DA RUA ISTO NINGUÉM PODE DUVIDAR
MAS QUANDO CHEGA NO TERREIRO
É A MULHER DO TRANCA RUA
UMAS GRITAM, E OUTRAS CHORAM
MUITAS CONTAM SUAS HISTÓRIAS
MAS QUEM BALANÇA UMA CORIMBA
COM MUITA FORÇA E EMPOLGAÇÃO
É A POMBA GIRA RAINHA DA 7 ENCRUZILHADA !

Pombogira Rosa Caveira

"Caveira me chamou!
Espera aí que eu vou!
To chamando para pular fundanga...
...espera aí que já vou...
Vem logo Rosa Caveira,meu tempo é ouro e seu manto é negro e prateado...
Você faz par com o seu dono...quando eu chamo,não me deixa de lado...!''

Caboclo 7 Flechas

Omulu

Omulu
Omulu
Livrai-nos da sede,da peste e da fome!
Omulu
Omulu
Médico dos pobres hoje eu vim louvar teu nome
Atotó
Atotó Obaluae
Com a sua dança espalha o seu poder
Atotó
Atotó Obaluae
Venha nos salvar,venha nos valer


Fui convidado para uma festa no mar

E uma linda jangada veio na praia me buscar

Levei para a rainha do mar um lindo presente

E rosas brancas para enfeitar o altar

A minha oferenda agradou a Yemanjá

E com um sorriso começou o seu bailar

Odo-yá

Odo-yá

Mas como é linda a sua festa no mar

Oração a Tranca-Rua das Almas



Senhor Tranca-Rua das Almas, senhor do sétimo grau de evolução da lei maior de Ogum, conhecedor de todas as magias e demandas praticadas por seres sem luz, interceda em meu caminho livrando-me de toda a energia que possa atrapalhar minha evolução; fazei de meus pensamentos uma porta fechada para a inveja, discórdia e egoísmo.Dos sete caminhos por ti ultrapassados, foi na rua que passou a ser dono de direito, abrindo as portas para os espíritos que merecem ajuda e evolução e fechando para os que querem praticar a maldade e a inveja contra seus semelhantes. Fazei meu coração mais puro que meus próprios atos; Fazei de minhas palavras a transparência da humildade; Fazei do meu corpo aparelho da caridade. Pois a teu lado demanda co-migo não existirá, estarei coberto por sua capa que protege e abriga seus filhos. Senhor Tranca-Ruas das Almas agradeço por tudo que me fizeste apren-der nesta vida e em outras que passei ao seu lado, rogo por vós a proteção para mim, para meus irmãos de fé, para minha família e porque não para meus inimigos Abençoe a guarde esses filhos que um dia entenderam o verdadeiro sentido da palavra Umbanda.

Laroiê Exu !

Mistério de Tranca-Ruas

Faço reverência a vós mistério sagrado da criação,Vós que SOIS a manifestação do divino, Peço que nesta noite possa se manifestar entre nós,CONFORME nosso merecimento.

No seu poder, na sua força, e na sua magnitude,Pelo caminho tripolar que emana de VÓS,Pelo caminho que só vós conheceis, Pela força que só a vós pertenceis,E pelo poder de trancar a VÓS concedido,Eu peço: Que as trevas que habitam em mim sejam trancadas Que o ódio e o sentimento impuro que emana da minha alma sejam trancados, Que a falsidade que exala dos meus poros seja trancada, Que o rancor e a miséria que habitam o meu coração sejam trancados, Que a dissimulação e a superficialidade que nasce da minha língua sejam trancados,Que o egoísmo e a maldade que transcendem da minha mente sejam trancados.

Que A palavra torta que sai da minha boca e o pensamento roto que sai da minha cabeça contra o próximo Sejam trancados, Que a capacidade que os meus olhos têm de amaldiçoar e destruir sejam trancados, E assim, fonte primária da criação, assim que Trancar a tudo isso no seu âmago, pois é na vossa essência que tudo isso se desvitaliza, peço a VÓS que: Destranque todas as portas do meu caminho, Destranque todas as passagens da minha jornada, Destranque toda prosperidade material e espiritual, Destranque o meu coração das amarguras, Destranque o meu sustento de cada dia, Destranque os meus corpos espirituais e o meu corpo material, da agonia, do desespero e da aflição que me assolam na calada da noite, Destranque o meu emprego, o meu negócio e a minha morada material, Destranque o martírio familiar pelo qual eu tenho passado, Destranque os meus olhos para as maravilhas do mundo espiritual,Destranque a minha liberdade!

Pois vós, Força Sagrada do Divino Criador, é o portador supremo da Vitalidade!

Salve o Mistério Tranca-Ruas!

Exu Marabô

O reino estava desolado pela súbita doença que acometera a rainha.Dia após dia, a soberana definhava sobre a cama e nada mais parecia haver que pudesse ser feito para restituir-lhe a saúde.

O rei, totalmente apaixonado pela mulher,já tentara de tudo, astara vultosas somas pagando longas viagens para os médicos dos recantos mais longínquos e nenhum deles fora capaz sequer de descobrir qual era a enfermidade que roubava a vida da jovem.

Um dia, sentado cabisbaixo na sala do trono,foi informado que havia um negro querendo falar com ele sobre a doença fatídica que rondava o palácio.Apesar de totalmente incrédulo quanto a novidades sobre o caso pediu que o trouxessem à sua presença. Ficou impressionado com o porte do homem que se apresentou. Negro, muito alto e forte, vestia trajes nada apropriados para uma audiência real, apenas uma espécie de toalha negra envolta nos quadris e um colar de ossos de animais ao pescoço.

- Meu nome é Perostino majestade.E sei qual o mal atinge nossa rainha. Leve-me até ela e a curarei.

A dúvida envolveu o monarca em pensamentos desordenados.Como um homem que tinha toda a aparência de um feiticeiro ou rezador ou fosse lá o que fosse iria conseguir o que os mais graduados médicos não conseguiram?Mas o desejo de ver sua amada curada foi maior que o preconceito e o negro foi levado ao quarto real.

Durante três dias e três noites permaneceu no quarto pedindo ervas, pedras, animais e toda espécie de materiais naturais.Todos no palácio julgavam isso uma loucura. Como o rei podia expor sua mulher a um tratamento claramente rudimentar como aquele? No entanto, no quarto dia, a rainha levantou-se e saiu a passear pelos gramados como se nada houvesse acontecido. O casal ficou tão feliz pelo milagre acontecido que fizeram de Perostino um homem rico e todos os casos de doença no palácio a partir daí eram encaminhados a ele que a todos curava.

Sua fama correu pelo reino e o negro tornou-se uma espécie de amuleto para os reis. Logo surgiram comentários que ele seria um primeiro ministro que agradaria a todos, apesar de sua cor e origem, que ninguém conhecia. Ao tomar conhecimento desse fato o rei indignou-se, ele tinha muita gratidão pelo homem, mas torná-lo autoridade?Isso nunca!Chamou-o a sua presença e pediu que ele se retirasse do palácio, pois já não era mais necessário ali. O ódio tomou conta da alma de Perostino e imediatamente começou a arquitetar um plano.

Disse humildemente que iria embora, mas que gostaria de participar de um último jantar com a família real.Contente por haver conseguido se livrar do incomodo,o rei aceitou o trato e marcou o jantar para aquela mesma noite. Sem que ninguém percebesse,Perostino colocou um veneno fortíssimo na comida que seria servida e, durante o jantar, os reis caíram mortos sobre a mesa sob o olhar malévolo de seu algoz. Sabendo que seu crime seria descoberto fugiu embrenhando-se nas matas. Arrependeu-se muito quando caiu em si, mas seus últimos dias foram pesados e duros pela dor da consciência que lhe pesava.

Um ano depois dos acontecimentos aqui narrados deixou o corpo carnal vitimado por uma doença que lhe cobriu de feridas.Muitos anos foram necessários para que seu espírito encontra-se o caminho a qual se dedica até hoje.Depois de muito aprendizado foi encaminhado para uma das linhas de trabalho do Exu Marabô e até hoje, quando em terra, aprecia as bebidas finas e o luxo ao qual foi acostumado naquele reino distante. Tornou-se um espírito sério e compenetrado que a todos atende com atenção e respeito.

Saravá o Sr. Marabô!

Obs.: A Falange do Exu Marabô é formada por inúmeros falangeiros que levam seu nome e esta é apenas uma das muitas histórias que eles têm para nos contar.

Exu Tiriri

Portugal, final do século dezenove.

Passam das 23 horas quando Bartolomeu Custódio bate à porta de seu primo e é atendido pelo rapaz que, visivelmente, foi acordado pelas insistentes batidas.

- Primo, preciso urgente de ti!

Fernando manda-o entrar deixando claro estar contrariado com a visita repentina em tão tardio horário.

- Nem me fale Bartolomeu! São réis o que deseja. Não é?

O homem baixa a cabeça e responde num fio de voz:

- Perdi mais de mil no carteado do Barão senão pagar ele ameaçou acabar com minha família.

- Mil?Estás louco?Não faz um mês que paguei sua divida de quinhentos e já vens aqui pedir-me mais de mil?Onde vais parar,ou melhor,aonde vou eu parar com tantos réis que se vão ladeira abaixo?Achas que por ter tido sorte na vida tenho que carregá-lo nas costas? A ti, tua família, teu maldito vicio?

Bartolomeu ouve tudo sem levantar os olhos.

- Primo, só tenho a ti para recorrer.O que será de minha mulher e meus filhos? Juro-te que nunca mais jogarei um só conto em nada!

O rapaz está descontrolado e replica aos gritos:

- Já ouvi essa ladainha muitas vezes e não vou mais cair nessa conversa.Vá ao Barão e diga que não tem, não conseguiu, e ele que espere.Ainda ontem a pobre de tua mulher veio até aqui pedir-me comida.Crês nisso?Tive que dar comida a tua família.Enquanto tu espezinha-me com dívidas de jogatina. Olhe para ti! Estás em estado lamentável, além de cheirar a vinho à distância. Saia já de minha casa.

Dirige-se para a porta e a abre com violência. Bartolomeu levanta-se lentamente,de seus olhos caem lágrimas,é duro ter que ouvir tudo que está ouvindo, apesar de ser a mais pura verdade. Faz ainda uma última tentativa.

- Primo, pelos teus filhos, ajuda-me!

Fernando continua parado à porta apontando a rua.

- Fora daqui, vagabundo! Nunca mais me apareça, porco imundo!

Sem mais nada dizer o homem retira-se lentamente ouvindo o baque violento da porta atrás de si. Caminha tropegamente enquanto as lágrimas embaçam sua visão. Sabe que fez tudo errado. Sempre! Foi mulherengo, bêbado, viciado em jogos. Tem a exata noção do péssimo pai e marido que é. Seu primo tem toda a razão em humilhá-lo. Sem perceber, depois de muito caminhar, está sobre uma ponte. Talvez seja essa a única saída.

Faz uma pequena prece e atira-se nas águas profundas do rio. O espírito de Bartolomeu Custódio durante anos perambulou por sendas escuras e tortuosas. Passado um longo tempo e depois de rever erros e acertos de vidas anteriores, foi amparado por mentores que o encaminharam para a labuta do resgate cármico. Hoje, trabalhador de nossos terreiros, é conhecido como o grande Exu Tiriri, elegante, educado e sempre com um profundo respeito para com seus consulentes, nem de longe lembra a triste figura apresentada neste texto.

Laroiê Seu Tiriri!

Tatá Caveira


Antes de ser uma entidade, Tatá Caveira viveu na terra física, assim como todos nós. Acreditamos que nasceu em 670 D.C., e viveu até dezembro de 698, no Egito, ou de acordo com a própria entidade, "Na minha terra sagrada, na beira do Grande Rio".Seu nome era Próculo, de origem Romana, dado em homenagem ao chefe da Guarda Romana naquela época.
Próculo vivia em uma aldeia, fazendo parte de uma família bastante humilde. Durante toda sua vida, batalhou para crescer e acumular riquezas, principalmente na forma de cabras, camelos e terras. Naquela época, para ter uma mulher era necessário comprá-la do pai ou responsável, e esta era a motivação que levou Próculo a batalhar tanto pelo crescimento financeiro.
Próculo viveu de fato uma grande paixão por uma moça que fora criada junto com ele desde pequeno, como uma amiga. Porém, sua cautela o fez acumular muita riqueza, pois não queria correr o risco de ver seu desejo de união recusado pelo pai da moça.O destino pregou uma peça amarga em Próculo, pois seu irmão de sangue, sabendo da intenção que Próculo tinha com relação à moça, foi peça chave de uma traição muito grave. Justamente quando Próculo conseguiu adquirir mais da metade da aldeia onde viviam, estando assim seguro que ninguém poderia oferecer maior quantia pela moça, foi apunhalado pelas costas pelo seu próprio irmão, que comprou-a horas antes. De fato, a moça foi comprada na noite anterior à manhã que Próculo intencionava concretizar seu pedido.
Ao saber do ocorrido, Próculo ficou extremamente magoado com seu irmão, porém o respeitou pelo fato ser sangue do seu sangue. Seu irmão, apesar de mais velho, era muito invejoso e não possuía nem metade da riqueza que Próculo havia acumulado.A aldeia de Próculo era rica e próspera, e isto trazia muita inveja a aldeias vizinhas. Certo dia, uma aldeia próxima, muito maior em habitantes, porém com menos riquezas, por ser afastada do Rio Nilo, começou a ter sua atenção voltada para a aldeia de Próculo.
Uma guerra teve início. A aldeia de Próculo foi invadida repentinamente, e pegou todos os habitantes de surpresa. Estando em inferioridade numérica, foram todos mortos, restando somente 49 pessoas.Estes 49 sobreviventes, revoltados, se uniram e partiram para a vingança, invadindo a aldeia inimiga, onde estavam mulheres e crianças. Muitas pessoas inocentes foram mortas neste ato de raiva e ódio. No entanto, devido à inferioridade numérica, logo todos foram cercados e capturados.Próculo, assim como seus companheiros, foi queimado vivo. No entanto, a dor maior que Próculo sentiu "não foi a do fogo, mas a do coração", pela traição que sofreu do próprio irmão, que agora queimava ao seu lado.Esta foi a origem dos 49 exus da linha de Caveira, constituída por todos os homens e mulheres que naquele dia desencarnaram.Entre os exus da linha de Caveira, existem: Caveira, João Caveira, Caveirinha, Rosa Caveira, Dr. Caveira (7 Caveiras), Quebra-Osso, entre muitos outros. Por motivo de respeito, não será indicado aqui qual exu da linha de Caveira foi o irmão de Caveira enquanto vivo.
Como entidade, o Chefe-de-falange Caveira é muito incompreendido, e tem poucos cavalos. São raros os médiuns que o incorporam, pois tem fama de bravo e rabugento. No entanto, diversos médiuns incorporam exus de sua falange.Caveira é brincalhão, ao mesmo tempo sério e austero. Quando fala algo, o faz com firmeza e nunca na dúvida. Tem temperamento inconstante, se apresentando ora alegre, ora nervoso, ora calmo, ora apressado, por isso é dado por muitos como louco.
No entanto, Caveira é extremamente leal e amigo, sendo até um pouco ciumento. Fidelidade é uma de suas características mais marcantes, por isso mesmo Caveira não perdoa traição e valoriza muito a amizade verdadeira. Considera a pior das traições a traição de um amigo.Em muitas literaturas é criticado, e são as poucas as pessoas que têm a oportunidade de conhecer a fundo Caveira Chefe-de-falange. O cavalo demora a adquirir confiança e intimidade com este exu, pois é posto a prova o tempo todo.No entanto, uma vez amigo de Caveira, tem-se um amigo para o resto da vida. Nesta e em outras evoluções.

Exu Caveira


Sou exu, assentado nas forças do Sagrado Omulu e sob sua irradiação divina trabalho. Fui aceito pelo Divino Trono Mehor-yê e nomeado Exu a mais ou menos dois milênios, depois de minha última passagem pela terra, a qual fui um pecador miserável e desencarnei amarrado ao ódio, buscando a vingança, dando vazas ao meu egoísmo, vaidade e todos os demais vícios humanos que se possa imaginar.
Fui senhor de um povoado que habitava a beira do grande rio sagrado. Nossa aldeia cultuava a natureza e inocentemente fazia oferendas cruéis de animais e fetos humanos. Até que minha própria mulher engravidou e o sumo sacerdote, decidiu que a semente que crescia no ventre de minha amada, devia ser sacrificado, para acalmar o deus da tempestade. Obviamente eu não permiti que tal infortúnio se abatesse sobre minha futura família, até porque se tratava do meu primeiro filho. Mas todo o meu esforço foi em vão. Em uma noite tempestuosa, os homens da aldeia reunidos, invadiram minha tenda silenciosamente, roubaram minha mulher e a violentaram, provocando imediato aborto e com o feto fizeram a inútil oferenda no poço dos sacrifícios. Meu peito se encheu de ódio e eu nada fiz para conte-lo. Simplesmente e enquanto houve vida em mim, eu matei um por um dos algozes de minha esposa inclusive o tal sacerdote.
Passei a não crer mais em deuses, pois o sacrifício foi inútil. Tanto que meu povoado sumiu da face da terra, soterrado pela areia, tamanha foi a fúria da tempestade. Derrepente o que era rio virou areia e o que areia virou rio. Mas meu ódio persistia. Em meus olhos havia sangue e tudo o que eu queria era sangue. Sem perceber estava sendo espiritualmente influenciado pelos homens que matei, que se organizaram em uma trevosa falange a fim de me ver morto também. O sacerdote era o líder. Passei então a ser vítima do ódio que semeei.
Sem morada e sem rumo, mas com um tenebroso exército de homens odiosos, avançamos contra várias aldeias e povoados, aniquilando vidas inocentes e temerosamente assombrando todo o Egito antigo. Assim invadimos terras e mais terras, manchamos as sagradas águas do Nilo de sangue, bebíamos e nos entregávamos às depravações com todas as mulheres que capturávamos. Foi uma aventura horrível. Quanto mais ódio eu tinha, mais eu queria ter. Se eu não podia ter minha mulher, então que nenhum homem em parte alguma poderia ter. Entreguei-me a outros homens, mas ao mesmo tempo violentava bruscamente as mulheres. As crianças, lamentavelmente nós matávamos sem piedade. Nosso rastro era de ódio e destruição completas. Até que chegamos aos palácios de um majestoso faraó, que também despertava muito ódio em alguns dos mais interessados em destruí-lo, pois os mesmos não concordavam com sua doutrina ou religião. Eis que então fomos pagos para fazer o que tínhamos prazer em fazer, matar o faraó.
Foi decretada então a minha morte. Os fiéis soldados do palácio, que eram muito numerosos, nos aniquilaram com a mesma impiedade que tínhamos para com os outros. Quem com ferro fere, com ferro será ferido. Isto coube na medida exata para conosco.
Parti para o inferno. Mas não falo do inferno ao qual os leitores estão acostumados a ouvir nas lendas das religiões efêmeras que pregam por aí. O inferno a que me refiro é o inferno da própria consciência. Este sim é implacável. Vendo meu corpo inerte, atingido pelo golpe de uma espada, e sangrando, não consegui compreender o que estava acontecendo. Mas o sangue que jorrava me fez recordar-me de todas as minhas atrocidades. Olhei todo o espaço ao meu redor e tudo o que vi foram pessoas mortas. Tudo se transformou derrepente. Todos os espaços eram preenchidos com corpos imundos e fétidos, caveiras e mais caveiras se aproximavam e se afastavam. Naquele êxtase, cai derrotado. Não sei quanto tempo fiquei ali, inerte e chorando, vendo todo aquele horror.
Tudo era sangue, um fogo terrível ardia em mim e isso era ainda mais cruel. Minha consciência se fechou em si mesma. O medo se apossou de mim, já não era mais eu, mas sim o peso de meus erros que me condenava. Nada eu podia fazer. As gargalhadas vinham de fora e atingiam meus sentidos bem lá no fundo. O medo aumentava e eu chorava cada vez mais. Lá estava eu, absolutamente derrotado por mim mesmo, pelo meu ódio cada vez mais sem sentido. Onde estava o amor com que eu construí meu povoado? Onde estavam meus companheiros? Minha querida esposa? Todos me abandonaram. Nada mais havia a não ser choro e ranger de dentes. Reduzi-me a um verme, jogado nas trevas de minha própria consciência e somente quem tem a outorga para entrar nesta escuridão é que pode avaliar o que estou dizendo, porque é indescritível. Recordar de tudo isto hoje já não me traz mais dor alguma, pois muito eu aprendi deste episódio triste de minha vida espiritual.
Por longos anos eu vaguei nesta imensidão escura, pisoteado pelos meus inimigos, até o fim das minhas forças. Já não havia mais suspiro, nem lágrimas, nem ódio, nem amor, enfim nada que se pudesse sentir. Fui esgotado até a última gota de sangue, tornei-me um verme. E na minha condição de verme, eu consegui num último arroubo de minha vil consciência pedir socorro a alguém que pudesse me ajudar. Eis que então, depois de muito clamar, surgiu um alguém que veio a tirar-me dali, mesmo assim arrastado. Recordo-me que estava atado a um cavalo enorme e negro e o cavaleiro que o montava assemelhava-se a um guerreiro, não menos cruel do que fui. Depois de longa jornada, fui alojado sobre uma pedra. Ali me alimentaram e cuidaram de mim com desvelo incompreensível. Será que ouviram meus apelos? Perguntava-me intimamente. Sim claro, senão ainda estaria lá naquele inferno, respondia-me a mim mesmo. “–Cale-se e aproveite o alvitre que vosso pai vos concedeu.”- Disse uma voz vinda não sei de onde. O que eu não compreendi foi como ele havia me ouvido, já que eu não disse palavra alguma, apenas pensei, mas ele ouviu. Calei-me por completo.
Por longos e longos anos fiquei naquela pedra, semelhante a um leito, até que meu corpo se refez e eu pude levantar-me novamente. Apresentou-se então o meu salvador. Um nobre cavaleiro, armado até os dentes. Carregava um enorme tridente cravado de rubis flamejantes. Seu porte era enorme. Longa capa negra lhe cobria o dorso, mas eu não consegui ver seu rosto.
– Não tente me olhar imbecil, o dia que te veres, verás a mim, porque aqui todos somos iguais.
Disse o homem em tom severo. Meu corpo tremia e eu não conseguia conter, minha voz não saia e eu olhava baixo, resignando-me perante suas ordens.
- Fui ordenado a conduzir-lhe e tenho-te como escravo. Deves me obedecer se não quiser retornar àquele antro de loucos que estavas. Siga minhas instruções com atenção e eu lhe darei trabalho e comida. Desobedeça e sofrerás o castigo merecido.
- Posso saber seu nome, nobre senhor?
- Por enquanto não, no tempo certo eu revelarei, agora cale-se, vamos ao nosso primeiro trabalho.
- Esta bem.
Segui o homem. Ele a cavalo e eu corria atrás dele, como um serviçal. Vagamos por aqueles lugares sujos e realizamos várias tarefas juntos. Aprendi a manusear as armas, que me foram dadas depois de muito tempo. Aos poucos meu amor pela criação foi renascendo. As várias lições que me foram passadas me faziam perceber a importância daqueles trabalhos no astral inferior. Gradativamente fui galgando os degraus daquele mistério com fidelidade e carinho. Ganhei a confiança de meu chefe e de seus superiores. Fui posto a prova e fui aprovado. Logo aprendi a volitar e plasmar as coisas que queria. Foram anos e anos de aprendizado. Não sei contar o tempo da terra, mas asseguro que menos de cem anos não foram.
Foi então que numa assembléia repleta de homens iguais ao meu chefe, eu fui oficialmente nomeado Exu. Nela eu me apresentei ao Senhor Omulu e ao divino trono de Mehor-yê, assumindo as responsabilidades que todo Exu deve assumir se quiser ser exu.
- Amor a Deus e às suas leis;
- Amor à criação do Pai e a todas as suas criaturas;
- Fidelidade acima de tudo;
- Compreensão e estudo, para julgar com a devida sabedoria;
- Obedecer às regras do embaixo, assim como as do encima;
E algumas outras regras que não me foi permitido citar, dada a importância que elas têm para todos os Exus.
A principio trabalhei na falange de meu chefe, por gratidão e simpatia. Mas logo surgiu-me a necessidade de ter minha própria falange, visto que os escravos que capturei já eram em grande número. Por esta mesma época, aquele antigo sacerdote, do meu povoado, lembram-se? Pois é, ele reencarnou em terras africanas e minha esposa deveria ser a esposa dele, para que a lei se cumprisse. Vendo o panorama do quadro que se formou, solicitei imediatamente uma audiência com o Divino Omulu e com O Senhor Ogum – Megê e pedi que intercedessem para que eu pudesse ser o guardião de meu antigo algoz. Meu pedido foi atendido. Se eu fosse bem sucedido poderia ter a minha falange. Assim assumi a esquerda do sacerdote, que, na aldeia em que nasceu, foi preparado desde menino para ser o Babalorixá, em substituição ao seu pai de sangue. A filha do babalawo era minha ex-esposa e estava prometida ao seu antigo algoz. Assim se desenvolveu a trama que pôs fim às nossas diferenças. Minha ex-mulher deu a luz a vinte e quatro filhos e todos eles foram criados com o devido cuidado. Muito trabalho eu tive naquela aldeia. Até que as invasões e as capturas e o comércio de negros para o ocidente se fizeram. Os trabalhos redobraram, pois tínhamos que conter toda a revolta e ódio que emanava dos escravos africanos, presos aos porões dos navios negreiros.
Mas meu protegido já estava velho e foi poupado, porém seus filhos não, todos foram escravizados. Mas era a lei e ela deveria ser cumprida.
Depois de muito tempo uma ordem veio do encima: “Todos os guardiões devem se preparar, novos assentamentos serão necessários, uma nova religião iria nascer, o que para nós era em breve, pois não sei se perceberam, mas o tempo espiritual é diferente do tempo material. Preparamo-nos, conforme nos foi ordenado. Até que a Sagrada Umbanda foi inaugurada. Então eu fui nomeado Guardião à esquerda do Sagrado Omulu-yê e então pude assumir meu trono, meu grau e meus degraus. Novamente assumi a obrigação de conduzir meu antigo algoz, que hoje já está no encima, feito meritóriamente alcançado, devido a todos os trabalhos e sacrifícios feitos em favor da Umbanda e do bem.
Hoje, aqui de meu trono no embaixo, comando a falange dos Exus Caveira e somente após muitos e muitos anos eu pude ver minha face em um espelho e notei que ela é igual à de meu tutor querido o Grande Senhor Exu Tatá Caveira, ao qual devo muito respeito e carinho. Não confundam Exu Caveira, com Exu Tatá Caveira, os trabalhos são semelhantes, mas os mistérios são diferentes. Tatá Caveira trabalha nos sete campos da fé; Exu caveira trabalha nos mistérios da geração na calunga, porque é lá que a vida se transforma, dando lugar à geração de outras vidas, mas não se esqueçam que há sete mistérios dentro da geração, principalmente a Lei Maior, que comanda todos os mistérios de qualquer Exu. Onde há infidelidade ou desrespeito para com a geração da vida ou aos seus semelhantes, Exu Caveira atua, desvitalizando e conduzindo no caminho correto, para que não caiam nas presas doloridas e impiedosas do Grande Lúcifer-Yê, pois não desejo a ninguém um décimo do que passei. Se vossos atos forem bons e louváveis perante a geração e ao Pai Maior, então vitalizamos e damos forma a todos os desejos de qualquer um que queira usufruir dos benefícios dos meus mistérios. De qualquer maneira, o amor impera, sim o amor, e por que Exu não pode falar de amor? Ora se foi pelo amor que todo Exu foi salvo, então o amor é bom e o respeito a ele conserva-nos no caminho. Este é o meu mistério. Em qualquer lugar da calunga, pratique com amor e respeito a sua religião e ofereça velas pretas, vermelhas e roxas, farofa de pinga com miúdos de boi. Acenda de um a sete charutos, sempre em números ímpares e aguardente. De acordo com o número de velas, se acender sete velas, assente sete copos e sete charutos, assim por diante. Agrupe sempre as velas da mesma cor juntas e forme um triângulo com o vórtice voltado para si, as velas roxas no vórtice, as pretas à esquerda e as vermelhas à direita, simbolizando a sua fidelidade e companheirismo para conosco, pois Exu Caveira abomina traição e infidelidade, como, por exemplo, o aborto, isto não é tolerado por mim e todos os que praticam tal ato é então condenado a viver sob as hostes severas de meu mistério. Peça o que quiser com fé, e com fé lhes trarei, pois todos os Exus Caveira são fiéis aos seus médiuns e àqueles que nos procuram.
A falange de Exus Caveira pertence à falange do Grande Tatá Caveira, que é o pai de todos os Exus assentados à esquerda do Divino Omulu, os demais não posso citar, falo apenas do meu mistério, pois dele eu tenho conhecimento e licença para abrir o que acho necessário e básico para o vosso aprendizado, quanto ao mais, busquem com vossos Exus pessoais, que são grandes amigos de seus filhos e certamente saberão orientar com carinho sobre vossas dúvidas. Um último detalhe a ser revelado é que todos os que têm Exu Caveira como Exu de trabalho ou protetor, é porque em algum momento do passado, pecaram contra a criação ou à geração e ambos, protetor e protegido tem alguma correlação com estes atos errôneos de vidas anteriores.Tenham certeza, se seguirem corretamente as orientações, com trabalho e disciplina, o mesmo que sucedeu com meu antigo e grande sumo sacerdote, sucederá com vocês também, porque este é o nosso desejo. Mais a mais, se um Exu de minha falange consegue vencer através de seu médium ou protegido, ele automaticamente alcança o direito de sair do embaixo e galgar os degraus da evolução em outras esferas.
Que o Divino Pai maior possa lhes abençoar e que a Lei Maior e a Justiça Divina lhes dêem as bênçãos de dias melhores.
Com carinho
Senhor Exu Caveira.
José Augusto Barboza

segunda-feira, 7 de setembro de 2009

História da Pombogira da Rosa Vermelha

A tarde caia lentamente.
Assustada, Rubia Carmem apertou o passo quando percebeu que um homem a seguia.
Era Felinto, o bêbado da cidade.
Tentou entrar por ruelas estreitas para despistar seu perseguidor.
No entanto, ele continuava caminhando, a poucos passos dela.
Rubia Carmem lançava olhares para todas as direções tentando encontrar alguém que a pudesse ajudar, mas era vão.
A cidade estava deserta.
Nem os moleques que costumavam correr por ali todas as tardes se faziam presentes nesse dia.
Já tinha ouvido falar das grandes bebedeiras daquele homem,porém nunca soube que ele houvesse feito mal a alguém.
Mesmo assim,a respiração pesada,que ouvia,vinda dele,a cada passo que dava,deixava-a apavorada e insegura quanto ao motivo daquela perseguição.
Nunca saia sozinha.
Aos dezessete anos,era uma moça de rara beleza e seus irmãos mais velhos nunca permitiam que fosse às ruas sem ter,ao menos um deles,como acompanhante.
Nessa tarde escapara da vigilância cerrada e fora ao campo respirar um pouco de ar puro.
Ao retornar, satisfeita por ter fugido um pouco da rotina,percebera os passos de Felinto e seu coração gelou.
Havia algo de muito errado naquela atitude.
Agora já estava correndo.
Ele corria também.
As mãos fortes do homem agarraram-na e uma delas imediatamente cobriu-lhe a boca.
A mão livre corria pelo seu corpo.
Ela já não tinha dúvida quanto ao interesse que despertara.
Freneticamente tenta se livrar,mas ele é muito forte.
Uma dor aguda anuncia que chegara ao fim.
Aquele infeliz tomara sua virgindade à força.
Com os olhos nublados pelo ódio vê o homem levantar-se com um sorriso cínico dirigido a ela.
Num relance,percebe,perto de si,uma grande pedra pontiaguda.
Com rapidez se ergue já com a pedra na mão.
Felinto está de costas, absorvido na tarefa de fechar a calça.
Sem titubear,ela atinge sua cabeça com um golpe certeiro.
Surpreso,o homem se vira.
O sangue corre pelo seu rosto.
Tomado de ódio e dor,agarra Rubia Carmem novamente e aperta-lhe o pescoço com extrema violência.
Caem ambos por terra.
A moça ainda vê a morte passar pelos olhos do homem,antes de também exalar o último suspiro.
O caminhar do espírito de Rubia Carmem,por vales sombrios,foi longo e doloroso.
De outras encarnações trazia pesada carga.
O assassinato de Felinto só fez aumentar,seu período de sofrimento em busca de conhecimento e luz.
Hoje, em nossos terreiros,se chama Rosa Vermelha.
A pomba- gira dos grandes amores.
Discreta e bela,sua incorporação encanta a todos que a conhecem.
Saravá a Pombo-gira Rosa Vermelha
Alaroyê Divina Mulher!

Zé Pelintra

De manhã cedo
Quando eu desço a ladeira
A nega pensa que eu vou trabalhar
Eu trago o meu baralho no bolso
Meu cachecol no pescoço e vou pra barão de mauá
Trabalhar...
Rrabalhar pra que?
Se eu trabalhar eu vou morrer!
Trabalhar...
Trabalhar pra que?
Se eu trabalhar eu vou morrer!