terça-feira, 8 de setembro de 2009

Ciganos

Povo Cigano faz sentir sua energia
Com sua magia e alegria de cantar
Com a força da lua e a luz do dia
Com a natureza eles sabem trabalhar...
Povo Cigano sabe o segredo
Com a força da fé
Ninguém vai nos derrubar..

Jurema

Jurema a sua folha cura o juremá.....
Jurema a sua flexa mata
Quem é filho da Mãe Jurema nunca se perde na mata!
Quem é filho da Mãe Jurema nunca se perde na mata!

Pretos-Velhos


Pisa no caminho devagar,Preto-Velho...
Pisa no caminho devagarPreta-Velha...
Olha que o caminho tem espinho Preto-Velho...
Olha que o caminho tem espinho Preto-Velha...
Vamos Saravá com Pretos !

Eres

Quem vem
Quem vem lá de tão longe
São os anjinhos que vêm trabalhar
Oi dai-lhes forças pelo amor de Deus meu Pai!
Oi dai-lhes forças pros trabalhos seus!

Omulu

Que Orixá é esse todo coberto de palhas
Ele é rei do sol,ele é rei da lua…
Ele é seu Xapanâ meu senhor
Seu Xapanâ,eu sou filho de fé
Seu Xapanã, eu sou filho de fé
Eu vou levar flores brancas senhor
Para receber seu Axé!

Ossain

Ossain!
O grande pai!
Vem cuidar de nós!
Vem cuidar de nós!
Só senhor tem o poder das folhas eee!
Vem me proteger!
Vem me proteger !

Nanã


Atraca, atraca
Que ai vem Nanã
Ê, á Atraca, atraca
Que ai vem Nanã
Ê, áÉ Nanã, é Axum
É quem vem saravá
Ê, áÉ Nanã, é Axum
É Mamãe Iemanjá !

Oxumarê

Eu vejo um arco-íris
Eu vejo um tesouro
É uma cobratoda feita de ouro
Aroboby arobobya
Aroboby aroboby
É cobratoda feita de ouro.

Oxosse

Ê Oxosse ê
Vem chegando de Aruanda
Ê Oxosse êpara salvar filhos de Umbanda
Na curimba xö, xö, xöna curimba xô, xô, xô
É Oxosse de bamba é o clima!

Iansã


Ela é a senhora dos ventos
Ela é a mais linda Orixá
Ela veio acalmar a tormenta
Quem mandou foi meu pai Oxalá
Iansã, minha Mãe Iansã
Sua espada de ouro no céu brilhou
Iansã, minha Mãe Iansã
Obrigada senhora
Porque a bonança chegou!

Ogum

Ogum passou na rua
Fez tremer a terra nos campos de batalha
Ogum venceu a guerra
Eeeee eeeea vamos saravar
Meu Pai Ogum
Eeeee eeeea vamos saravar
Meu Pai Ogum!

Xangô

Estava sentado em cima da pedra e a trovoada no mar roncou
Caô, Caô, Caô
Levanta filho que aí vem Xangô
Caô, Caô, Caô
Levanta filho que aí vem Xangô!

Oxum


Nas cachoeiras Mamãe Oxum tem seu altar
Nas cachoeiras todos caboclos vão rezar
Nas cachoeiras as águas correm sem parar
Tirando limo lá das pedra deixando elas a brilhar !

Yemanjá

Yemanjá com seu vestido branco ela vem lá do fundo mar
Vem trazendo as coisas lindas
As coisas que só existem lá
Yemanjá, ôoo…Yemanjá…
Traz seus presentese a paz de Oxalá !

Oxalá e Omulu


Meu Pai Oxalá é o rei,venha me valer
Meu Pai Oxalá é o rei,venha me valer
O velho omulu atotô baluaê...
Atotô baluaê atotô baluaê...
Atotô baba atotô baluaê...
Atotô é Orixá!

Capa Preta

Corre,corre Encruzilhada
Capa Preta já chegou
Vou passar lá na calunga
Capa Preta gargalhou
Vou Passar na Encruza
Capa Preta Chegou !

Exu Destranca-Rua

Exu Destranca-Rua
Destranca meu caminho que foi trancado
Pelo povo pequeninho
Arue arua arue arua
Salve o Destranca Rua!

Pomboriga Maria Farrapo


De bar em bar
Vem chegando na umbanda
Bebendo cachaçaela vem vencer demanda
Foi mulher da vida
Tem história pra contar
Saravá Maria Farrapo
Ena,ena mojubá !

Tatá Caveira

Soltaram o bode preto meia-noite na calunga..
Soltaram o bode preto meia-noite na calunga
Ele correu os quatro canto
Foi pará lá na porteira
Bebeu marafo com Tatá Caveira

Pombogira Maria Quitéria

Maria Quitéria
O Maria Quitéria seu brilho me seduz
Vou cantar pra você
Pra você ficar mais feliz
Gira! Quero ver você girar
Quando vejo o seu bailar
Faz a todo encantar
Se você vai festejar até o dia clarear
Tem magia aonde você está vem logo festejar!

Exu Caveira

Portão de ferro
Cadeado de madeira
Na porta do cemitério
Quem mora é exu caveira!

Maria Padilha das Almas

Abre essa tumba quero ver tremer
Abre essa tumba quero ver balancear
Maria Padilha das Almas
O cemitério é o seu lugar.
É na Calunga que a Padilha mora
É no barranco que a Padilha vai girar.

Exu Ventania

Naquela ventania
Oi gangá
Que vem do pé da serra
Exu,Exu Ventania oi gangá
Que vem do pé da serra

Maria Padilha

Trabalha na encruzilhada
Maria Padilha
Trabalha na encruzilhada
Toma conta,Presta conta
Ao romper da madrugada
Toma conta,Presta conta
Ao romper da madrugada
Pomba gira minha comadre
Me protege noite e dia
É por isso que eu vou na sua feitiçaria

Pombogira Rainha das 7 Encruzilhadas

QUEM PODE !PODE !
VOCÊ É A DONA DA RUA ISTO NINGUÉM PODE DUVIDAR
MAS QUANDO CHEGA NO TERREIRO
É A MULHER DO TRANCA RUA
UMAS GRITAM, E OUTRAS CHORAM
MUITAS CONTAM SUAS HISTÓRIAS
MAS QUEM BALANÇA UMA CORIMBA
COM MUITA FORÇA E EMPOLGAÇÃO
É A POMBA GIRA RAINHA DA 7 ENCRUZILHADA !

Pombogira Rosa Caveira

"Caveira me chamou!
Espera aí que eu vou!
To chamando para pular fundanga...
...espera aí que já vou...
Vem logo Rosa Caveira,meu tempo é ouro e seu manto é negro e prateado...
Você faz par com o seu dono...quando eu chamo,não me deixa de lado...!''

Caboclo 7 Flechas

Omulu

Omulu
Omulu
Livrai-nos da sede,da peste e da fome!
Omulu
Omulu
Médico dos pobres hoje eu vim louvar teu nome
Atotó
Atotó Obaluae
Com a sua dança espalha o seu poder
Atotó
Atotó Obaluae
Venha nos salvar,venha nos valer


Fui convidado para uma festa no mar

E uma linda jangada veio na praia me buscar

Levei para a rainha do mar um lindo presente

E rosas brancas para enfeitar o altar

A minha oferenda agradou a Yemanjá

E com um sorriso começou o seu bailar

Odo-yá

Odo-yá

Mas como é linda a sua festa no mar

Oração a Tranca-Rua das Almas



Senhor Tranca-Rua das Almas, senhor do sétimo grau de evolução da lei maior de Ogum, conhecedor de todas as magias e demandas praticadas por seres sem luz, interceda em meu caminho livrando-me de toda a energia que possa atrapalhar minha evolução; fazei de meus pensamentos uma porta fechada para a inveja, discórdia e egoísmo.Dos sete caminhos por ti ultrapassados, foi na rua que passou a ser dono de direito, abrindo as portas para os espíritos que merecem ajuda e evolução e fechando para os que querem praticar a maldade e a inveja contra seus semelhantes. Fazei meu coração mais puro que meus próprios atos; Fazei de minhas palavras a transparência da humildade; Fazei do meu corpo aparelho da caridade. Pois a teu lado demanda co-migo não existirá, estarei coberto por sua capa que protege e abriga seus filhos. Senhor Tranca-Ruas das Almas agradeço por tudo que me fizeste apren-der nesta vida e em outras que passei ao seu lado, rogo por vós a proteção para mim, para meus irmãos de fé, para minha família e porque não para meus inimigos Abençoe a guarde esses filhos que um dia entenderam o verdadeiro sentido da palavra Umbanda.

Laroiê Exu !

Mistério de Tranca-Ruas

Faço reverência a vós mistério sagrado da criação,Vós que SOIS a manifestação do divino, Peço que nesta noite possa se manifestar entre nós,CONFORME nosso merecimento.

No seu poder, na sua força, e na sua magnitude,Pelo caminho tripolar que emana de VÓS,Pelo caminho que só vós conheceis, Pela força que só a vós pertenceis,E pelo poder de trancar a VÓS concedido,Eu peço: Que as trevas que habitam em mim sejam trancadas Que o ódio e o sentimento impuro que emana da minha alma sejam trancados, Que a falsidade que exala dos meus poros seja trancada, Que o rancor e a miséria que habitam o meu coração sejam trancados, Que a dissimulação e a superficialidade que nasce da minha língua sejam trancados,Que o egoísmo e a maldade que transcendem da minha mente sejam trancados.

Que A palavra torta que sai da minha boca e o pensamento roto que sai da minha cabeça contra o próximo Sejam trancados, Que a capacidade que os meus olhos têm de amaldiçoar e destruir sejam trancados, E assim, fonte primária da criação, assim que Trancar a tudo isso no seu âmago, pois é na vossa essência que tudo isso se desvitaliza, peço a VÓS que: Destranque todas as portas do meu caminho, Destranque todas as passagens da minha jornada, Destranque toda prosperidade material e espiritual, Destranque o meu coração das amarguras, Destranque o meu sustento de cada dia, Destranque os meus corpos espirituais e o meu corpo material, da agonia, do desespero e da aflição que me assolam na calada da noite, Destranque o meu emprego, o meu negócio e a minha morada material, Destranque o martírio familiar pelo qual eu tenho passado, Destranque os meus olhos para as maravilhas do mundo espiritual,Destranque a minha liberdade!

Pois vós, Força Sagrada do Divino Criador, é o portador supremo da Vitalidade!

Salve o Mistério Tranca-Ruas!

Exu Marabô

O reino estava desolado pela súbita doença que acometera a rainha.Dia após dia, a soberana definhava sobre a cama e nada mais parecia haver que pudesse ser feito para restituir-lhe a saúde.

O rei, totalmente apaixonado pela mulher,já tentara de tudo, astara vultosas somas pagando longas viagens para os médicos dos recantos mais longínquos e nenhum deles fora capaz sequer de descobrir qual era a enfermidade que roubava a vida da jovem.

Um dia, sentado cabisbaixo na sala do trono,foi informado que havia um negro querendo falar com ele sobre a doença fatídica que rondava o palácio.Apesar de totalmente incrédulo quanto a novidades sobre o caso pediu que o trouxessem à sua presença. Ficou impressionado com o porte do homem que se apresentou. Negro, muito alto e forte, vestia trajes nada apropriados para uma audiência real, apenas uma espécie de toalha negra envolta nos quadris e um colar de ossos de animais ao pescoço.

- Meu nome é Perostino majestade.E sei qual o mal atinge nossa rainha. Leve-me até ela e a curarei.

A dúvida envolveu o monarca em pensamentos desordenados.Como um homem que tinha toda a aparência de um feiticeiro ou rezador ou fosse lá o que fosse iria conseguir o que os mais graduados médicos não conseguiram?Mas o desejo de ver sua amada curada foi maior que o preconceito e o negro foi levado ao quarto real.

Durante três dias e três noites permaneceu no quarto pedindo ervas, pedras, animais e toda espécie de materiais naturais.Todos no palácio julgavam isso uma loucura. Como o rei podia expor sua mulher a um tratamento claramente rudimentar como aquele? No entanto, no quarto dia, a rainha levantou-se e saiu a passear pelos gramados como se nada houvesse acontecido. O casal ficou tão feliz pelo milagre acontecido que fizeram de Perostino um homem rico e todos os casos de doença no palácio a partir daí eram encaminhados a ele que a todos curava.

Sua fama correu pelo reino e o negro tornou-se uma espécie de amuleto para os reis. Logo surgiram comentários que ele seria um primeiro ministro que agradaria a todos, apesar de sua cor e origem, que ninguém conhecia. Ao tomar conhecimento desse fato o rei indignou-se, ele tinha muita gratidão pelo homem, mas torná-lo autoridade?Isso nunca!Chamou-o a sua presença e pediu que ele se retirasse do palácio, pois já não era mais necessário ali. O ódio tomou conta da alma de Perostino e imediatamente começou a arquitetar um plano.

Disse humildemente que iria embora, mas que gostaria de participar de um último jantar com a família real.Contente por haver conseguido se livrar do incomodo,o rei aceitou o trato e marcou o jantar para aquela mesma noite. Sem que ninguém percebesse,Perostino colocou um veneno fortíssimo na comida que seria servida e, durante o jantar, os reis caíram mortos sobre a mesa sob o olhar malévolo de seu algoz. Sabendo que seu crime seria descoberto fugiu embrenhando-se nas matas. Arrependeu-se muito quando caiu em si, mas seus últimos dias foram pesados e duros pela dor da consciência que lhe pesava.

Um ano depois dos acontecimentos aqui narrados deixou o corpo carnal vitimado por uma doença que lhe cobriu de feridas.Muitos anos foram necessários para que seu espírito encontra-se o caminho a qual se dedica até hoje.Depois de muito aprendizado foi encaminhado para uma das linhas de trabalho do Exu Marabô e até hoje, quando em terra, aprecia as bebidas finas e o luxo ao qual foi acostumado naquele reino distante. Tornou-se um espírito sério e compenetrado que a todos atende com atenção e respeito.

Saravá o Sr. Marabô!

Obs.: A Falange do Exu Marabô é formada por inúmeros falangeiros que levam seu nome e esta é apenas uma das muitas histórias que eles têm para nos contar.

Exu Tiriri

Portugal, final do século dezenove.

Passam das 23 horas quando Bartolomeu Custódio bate à porta de seu primo e é atendido pelo rapaz que, visivelmente, foi acordado pelas insistentes batidas.

- Primo, preciso urgente de ti!

Fernando manda-o entrar deixando claro estar contrariado com a visita repentina em tão tardio horário.

- Nem me fale Bartolomeu! São réis o que deseja. Não é?

O homem baixa a cabeça e responde num fio de voz:

- Perdi mais de mil no carteado do Barão senão pagar ele ameaçou acabar com minha família.

- Mil?Estás louco?Não faz um mês que paguei sua divida de quinhentos e já vens aqui pedir-me mais de mil?Onde vais parar,ou melhor,aonde vou eu parar com tantos réis que se vão ladeira abaixo?Achas que por ter tido sorte na vida tenho que carregá-lo nas costas? A ti, tua família, teu maldito vicio?

Bartolomeu ouve tudo sem levantar os olhos.

- Primo, só tenho a ti para recorrer.O que será de minha mulher e meus filhos? Juro-te que nunca mais jogarei um só conto em nada!

O rapaz está descontrolado e replica aos gritos:

- Já ouvi essa ladainha muitas vezes e não vou mais cair nessa conversa.Vá ao Barão e diga que não tem, não conseguiu, e ele que espere.Ainda ontem a pobre de tua mulher veio até aqui pedir-me comida.Crês nisso?Tive que dar comida a tua família.Enquanto tu espezinha-me com dívidas de jogatina. Olhe para ti! Estás em estado lamentável, além de cheirar a vinho à distância. Saia já de minha casa.

Dirige-se para a porta e a abre com violência. Bartolomeu levanta-se lentamente,de seus olhos caem lágrimas,é duro ter que ouvir tudo que está ouvindo, apesar de ser a mais pura verdade. Faz ainda uma última tentativa.

- Primo, pelos teus filhos, ajuda-me!

Fernando continua parado à porta apontando a rua.

- Fora daqui, vagabundo! Nunca mais me apareça, porco imundo!

Sem mais nada dizer o homem retira-se lentamente ouvindo o baque violento da porta atrás de si. Caminha tropegamente enquanto as lágrimas embaçam sua visão. Sabe que fez tudo errado. Sempre! Foi mulherengo, bêbado, viciado em jogos. Tem a exata noção do péssimo pai e marido que é. Seu primo tem toda a razão em humilhá-lo. Sem perceber, depois de muito caminhar, está sobre uma ponte. Talvez seja essa a única saída.

Faz uma pequena prece e atira-se nas águas profundas do rio. O espírito de Bartolomeu Custódio durante anos perambulou por sendas escuras e tortuosas. Passado um longo tempo e depois de rever erros e acertos de vidas anteriores, foi amparado por mentores que o encaminharam para a labuta do resgate cármico. Hoje, trabalhador de nossos terreiros, é conhecido como o grande Exu Tiriri, elegante, educado e sempre com um profundo respeito para com seus consulentes, nem de longe lembra a triste figura apresentada neste texto.

Laroiê Seu Tiriri!

Tatá Caveira


Antes de ser uma entidade, Tatá Caveira viveu na terra física, assim como todos nós. Acreditamos que nasceu em 670 D.C., e viveu até dezembro de 698, no Egito, ou de acordo com a própria entidade, "Na minha terra sagrada, na beira do Grande Rio".Seu nome era Próculo, de origem Romana, dado em homenagem ao chefe da Guarda Romana naquela época.
Próculo vivia em uma aldeia, fazendo parte de uma família bastante humilde. Durante toda sua vida, batalhou para crescer e acumular riquezas, principalmente na forma de cabras, camelos e terras. Naquela época, para ter uma mulher era necessário comprá-la do pai ou responsável, e esta era a motivação que levou Próculo a batalhar tanto pelo crescimento financeiro.
Próculo viveu de fato uma grande paixão por uma moça que fora criada junto com ele desde pequeno, como uma amiga. Porém, sua cautela o fez acumular muita riqueza, pois não queria correr o risco de ver seu desejo de união recusado pelo pai da moça.O destino pregou uma peça amarga em Próculo, pois seu irmão de sangue, sabendo da intenção que Próculo tinha com relação à moça, foi peça chave de uma traição muito grave. Justamente quando Próculo conseguiu adquirir mais da metade da aldeia onde viviam, estando assim seguro que ninguém poderia oferecer maior quantia pela moça, foi apunhalado pelas costas pelo seu próprio irmão, que comprou-a horas antes. De fato, a moça foi comprada na noite anterior à manhã que Próculo intencionava concretizar seu pedido.
Ao saber do ocorrido, Próculo ficou extremamente magoado com seu irmão, porém o respeitou pelo fato ser sangue do seu sangue. Seu irmão, apesar de mais velho, era muito invejoso e não possuía nem metade da riqueza que Próculo havia acumulado.A aldeia de Próculo era rica e próspera, e isto trazia muita inveja a aldeias vizinhas. Certo dia, uma aldeia próxima, muito maior em habitantes, porém com menos riquezas, por ser afastada do Rio Nilo, começou a ter sua atenção voltada para a aldeia de Próculo.
Uma guerra teve início. A aldeia de Próculo foi invadida repentinamente, e pegou todos os habitantes de surpresa. Estando em inferioridade numérica, foram todos mortos, restando somente 49 pessoas.Estes 49 sobreviventes, revoltados, se uniram e partiram para a vingança, invadindo a aldeia inimiga, onde estavam mulheres e crianças. Muitas pessoas inocentes foram mortas neste ato de raiva e ódio. No entanto, devido à inferioridade numérica, logo todos foram cercados e capturados.Próculo, assim como seus companheiros, foi queimado vivo. No entanto, a dor maior que Próculo sentiu "não foi a do fogo, mas a do coração", pela traição que sofreu do próprio irmão, que agora queimava ao seu lado.Esta foi a origem dos 49 exus da linha de Caveira, constituída por todos os homens e mulheres que naquele dia desencarnaram.Entre os exus da linha de Caveira, existem: Caveira, João Caveira, Caveirinha, Rosa Caveira, Dr. Caveira (7 Caveiras), Quebra-Osso, entre muitos outros. Por motivo de respeito, não será indicado aqui qual exu da linha de Caveira foi o irmão de Caveira enquanto vivo.
Como entidade, o Chefe-de-falange Caveira é muito incompreendido, e tem poucos cavalos. São raros os médiuns que o incorporam, pois tem fama de bravo e rabugento. No entanto, diversos médiuns incorporam exus de sua falange.Caveira é brincalhão, ao mesmo tempo sério e austero. Quando fala algo, o faz com firmeza e nunca na dúvida. Tem temperamento inconstante, se apresentando ora alegre, ora nervoso, ora calmo, ora apressado, por isso é dado por muitos como louco.
No entanto, Caveira é extremamente leal e amigo, sendo até um pouco ciumento. Fidelidade é uma de suas características mais marcantes, por isso mesmo Caveira não perdoa traição e valoriza muito a amizade verdadeira. Considera a pior das traições a traição de um amigo.Em muitas literaturas é criticado, e são as poucas as pessoas que têm a oportunidade de conhecer a fundo Caveira Chefe-de-falange. O cavalo demora a adquirir confiança e intimidade com este exu, pois é posto a prova o tempo todo.No entanto, uma vez amigo de Caveira, tem-se um amigo para o resto da vida. Nesta e em outras evoluções.

Exu Caveira


Sou exu, assentado nas forças do Sagrado Omulu e sob sua irradiação divina trabalho. Fui aceito pelo Divino Trono Mehor-yê e nomeado Exu a mais ou menos dois milênios, depois de minha última passagem pela terra, a qual fui um pecador miserável e desencarnei amarrado ao ódio, buscando a vingança, dando vazas ao meu egoísmo, vaidade e todos os demais vícios humanos que se possa imaginar.
Fui senhor de um povoado que habitava a beira do grande rio sagrado. Nossa aldeia cultuava a natureza e inocentemente fazia oferendas cruéis de animais e fetos humanos. Até que minha própria mulher engravidou e o sumo sacerdote, decidiu que a semente que crescia no ventre de minha amada, devia ser sacrificado, para acalmar o deus da tempestade. Obviamente eu não permiti que tal infortúnio se abatesse sobre minha futura família, até porque se tratava do meu primeiro filho. Mas todo o meu esforço foi em vão. Em uma noite tempestuosa, os homens da aldeia reunidos, invadiram minha tenda silenciosamente, roubaram minha mulher e a violentaram, provocando imediato aborto e com o feto fizeram a inútil oferenda no poço dos sacrifícios. Meu peito se encheu de ódio e eu nada fiz para conte-lo. Simplesmente e enquanto houve vida em mim, eu matei um por um dos algozes de minha esposa inclusive o tal sacerdote.
Passei a não crer mais em deuses, pois o sacrifício foi inútil. Tanto que meu povoado sumiu da face da terra, soterrado pela areia, tamanha foi a fúria da tempestade. Derrepente o que era rio virou areia e o que areia virou rio. Mas meu ódio persistia. Em meus olhos havia sangue e tudo o que eu queria era sangue. Sem perceber estava sendo espiritualmente influenciado pelos homens que matei, que se organizaram em uma trevosa falange a fim de me ver morto também. O sacerdote era o líder. Passei então a ser vítima do ódio que semeei.
Sem morada e sem rumo, mas com um tenebroso exército de homens odiosos, avançamos contra várias aldeias e povoados, aniquilando vidas inocentes e temerosamente assombrando todo o Egito antigo. Assim invadimos terras e mais terras, manchamos as sagradas águas do Nilo de sangue, bebíamos e nos entregávamos às depravações com todas as mulheres que capturávamos. Foi uma aventura horrível. Quanto mais ódio eu tinha, mais eu queria ter. Se eu não podia ter minha mulher, então que nenhum homem em parte alguma poderia ter. Entreguei-me a outros homens, mas ao mesmo tempo violentava bruscamente as mulheres. As crianças, lamentavelmente nós matávamos sem piedade. Nosso rastro era de ódio e destruição completas. Até que chegamos aos palácios de um majestoso faraó, que também despertava muito ódio em alguns dos mais interessados em destruí-lo, pois os mesmos não concordavam com sua doutrina ou religião. Eis que então fomos pagos para fazer o que tínhamos prazer em fazer, matar o faraó.
Foi decretada então a minha morte. Os fiéis soldados do palácio, que eram muito numerosos, nos aniquilaram com a mesma impiedade que tínhamos para com os outros. Quem com ferro fere, com ferro será ferido. Isto coube na medida exata para conosco.
Parti para o inferno. Mas não falo do inferno ao qual os leitores estão acostumados a ouvir nas lendas das religiões efêmeras que pregam por aí. O inferno a que me refiro é o inferno da própria consciência. Este sim é implacável. Vendo meu corpo inerte, atingido pelo golpe de uma espada, e sangrando, não consegui compreender o que estava acontecendo. Mas o sangue que jorrava me fez recordar-me de todas as minhas atrocidades. Olhei todo o espaço ao meu redor e tudo o que vi foram pessoas mortas. Tudo se transformou derrepente. Todos os espaços eram preenchidos com corpos imundos e fétidos, caveiras e mais caveiras se aproximavam e se afastavam. Naquele êxtase, cai derrotado. Não sei quanto tempo fiquei ali, inerte e chorando, vendo todo aquele horror.
Tudo era sangue, um fogo terrível ardia em mim e isso era ainda mais cruel. Minha consciência se fechou em si mesma. O medo se apossou de mim, já não era mais eu, mas sim o peso de meus erros que me condenava. Nada eu podia fazer. As gargalhadas vinham de fora e atingiam meus sentidos bem lá no fundo. O medo aumentava e eu chorava cada vez mais. Lá estava eu, absolutamente derrotado por mim mesmo, pelo meu ódio cada vez mais sem sentido. Onde estava o amor com que eu construí meu povoado? Onde estavam meus companheiros? Minha querida esposa? Todos me abandonaram. Nada mais havia a não ser choro e ranger de dentes. Reduzi-me a um verme, jogado nas trevas de minha própria consciência e somente quem tem a outorga para entrar nesta escuridão é que pode avaliar o que estou dizendo, porque é indescritível. Recordar de tudo isto hoje já não me traz mais dor alguma, pois muito eu aprendi deste episódio triste de minha vida espiritual.
Por longos anos eu vaguei nesta imensidão escura, pisoteado pelos meus inimigos, até o fim das minhas forças. Já não havia mais suspiro, nem lágrimas, nem ódio, nem amor, enfim nada que se pudesse sentir. Fui esgotado até a última gota de sangue, tornei-me um verme. E na minha condição de verme, eu consegui num último arroubo de minha vil consciência pedir socorro a alguém que pudesse me ajudar. Eis que então, depois de muito clamar, surgiu um alguém que veio a tirar-me dali, mesmo assim arrastado. Recordo-me que estava atado a um cavalo enorme e negro e o cavaleiro que o montava assemelhava-se a um guerreiro, não menos cruel do que fui. Depois de longa jornada, fui alojado sobre uma pedra. Ali me alimentaram e cuidaram de mim com desvelo incompreensível. Será que ouviram meus apelos? Perguntava-me intimamente. Sim claro, senão ainda estaria lá naquele inferno, respondia-me a mim mesmo. “–Cale-se e aproveite o alvitre que vosso pai vos concedeu.”- Disse uma voz vinda não sei de onde. O que eu não compreendi foi como ele havia me ouvido, já que eu não disse palavra alguma, apenas pensei, mas ele ouviu. Calei-me por completo.
Por longos e longos anos fiquei naquela pedra, semelhante a um leito, até que meu corpo se refez e eu pude levantar-me novamente. Apresentou-se então o meu salvador. Um nobre cavaleiro, armado até os dentes. Carregava um enorme tridente cravado de rubis flamejantes. Seu porte era enorme. Longa capa negra lhe cobria o dorso, mas eu não consegui ver seu rosto.
– Não tente me olhar imbecil, o dia que te veres, verás a mim, porque aqui todos somos iguais.
Disse o homem em tom severo. Meu corpo tremia e eu não conseguia conter, minha voz não saia e eu olhava baixo, resignando-me perante suas ordens.
- Fui ordenado a conduzir-lhe e tenho-te como escravo. Deves me obedecer se não quiser retornar àquele antro de loucos que estavas. Siga minhas instruções com atenção e eu lhe darei trabalho e comida. Desobedeça e sofrerás o castigo merecido.
- Posso saber seu nome, nobre senhor?
- Por enquanto não, no tempo certo eu revelarei, agora cale-se, vamos ao nosso primeiro trabalho.
- Esta bem.
Segui o homem. Ele a cavalo e eu corria atrás dele, como um serviçal. Vagamos por aqueles lugares sujos e realizamos várias tarefas juntos. Aprendi a manusear as armas, que me foram dadas depois de muito tempo. Aos poucos meu amor pela criação foi renascendo. As várias lições que me foram passadas me faziam perceber a importância daqueles trabalhos no astral inferior. Gradativamente fui galgando os degraus daquele mistério com fidelidade e carinho. Ganhei a confiança de meu chefe e de seus superiores. Fui posto a prova e fui aprovado. Logo aprendi a volitar e plasmar as coisas que queria. Foram anos e anos de aprendizado. Não sei contar o tempo da terra, mas asseguro que menos de cem anos não foram.
Foi então que numa assembléia repleta de homens iguais ao meu chefe, eu fui oficialmente nomeado Exu. Nela eu me apresentei ao Senhor Omulu e ao divino trono de Mehor-yê, assumindo as responsabilidades que todo Exu deve assumir se quiser ser exu.
- Amor a Deus e às suas leis;
- Amor à criação do Pai e a todas as suas criaturas;
- Fidelidade acima de tudo;
- Compreensão e estudo, para julgar com a devida sabedoria;
- Obedecer às regras do embaixo, assim como as do encima;
E algumas outras regras que não me foi permitido citar, dada a importância que elas têm para todos os Exus.
A principio trabalhei na falange de meu chefe, por gratidão e simpatia. Mas logo surgiu-me a necessidade de ter minha própria falange, visto que os escravos que capturei já eram em grande número. Por esta mesma época, aquele antigo sacerdote, do meu povoado, lembram-se? Pois é, ele reencarnou em terras africanas e minha esposa deveria ser a esposa dele, para que a lei se cumprisse. Vendo o panorama do quadro que se formou, solicitei imediatamente uma audiência com o Divino Omulu e com O Senhor Ogum – Megê e pedi que intercedessem para que eu pudesse ser o guardião de meu antigo algoz. Meu pedido foi atendido. Se eu fosse bem sucedido poderia ter a minha falange. Assim assumi a esquerda do sacerdote, que, na aldeia em que nasceu, foi preparado desde menino para ser o Babalorixá, em substituição ao seu pai de sangue. A filha do babalawo era minha ex-esposa e estava prometida ao seu antigo algoz. Assim se desenvolveu a trama que pôs fim às nossas diferenças. Minha ex-mulher deu a luz a vinte e quatro filhos e todos eles foram criados com o devido cuidado. Muito trabalho eu tive naquela aldeia. Até que as invasões e as capturas e o comércio de negros para o ocidente se fizeram. Os trabalhos redobraram, pois tínhamos que conter toda a revolta e ódio que emanava dos escravos africanos, presos aos porões dos navios negreiros.
Mas meu protegido já estava velho e foi poupado, porém seus filhos não, todos foram escravizados. Mas era a lei e ela deveria ser cumprida.
Depois de muito tempo uma ordem veio do encima: “Todos os guardiões devem se preparar, novos assentamentos serão necessários, uma nova religião iria nascer, o que para nós era em breve, pois não sei se perceberam, mas o tempo espiritual é diferente do tempo material. Preparamo-nos, conforme nos foi ordenado. Até que a Sagrada Umbanda foi inaugurada. Então eu fui nomeado Guardião à esquerda do Sagrado Omulu-yê e então pude assumir meu trono, meu grau e meus degraus. Novamente assumi a obrigação de conduzir meu antigo algoz, que hoje já está no encima, feito meritóriamente alcançado, devido a todos os trabalhos e sacrifícios feitos em favor da Umbanda e do bem.
Hoje, aqui de meu trono no embaixo, comando a falange dos Exus Caveira e somente após muitos e muitos anos eu pude ver minha face em um espelho e notei que ela é igual à de meu tutor querido o Grande Senhor Exu Tatá Caveira, ao qual devo muito respeito e carinho. Não confundam Exu Caveira, com Exu Tatá Caveira, os trabalhos são semelhantes, mas os mistérios são diferentes. Tatá Caveira trabalha nos sete campos da fé; Exu caveira trabalha nos mistérios da geração na calunga, porque é lá que a vida se transforma, dando lugar à geração de outras vidas, mas não se esqueçam que há sete mistérios dentro da geração, principalmente a Lei Maior, que comanda todos os mistérios de qualquer Exu. Onde há infidelidade ou desrespeito para com a geração da vida ou aos seus semelhantes, Exu Caveira atua, desvitalizando e conduzindo no caminho correto, para que não caiam nas presas doloridas e impiedosas do Grande Lúcifer-Yê, pois não desejo a ninguém um décimo do que passei. Se vossos atos forem bons e louváveis perante a geração e ao Pai Maior, então vitalizamos e damos forma a todos os desejos de qualquer um que queira usufruir dos benefícios dos meus mistérios. De qualquer maneira, o amor impera, sim o amor, e por que Exu não pode falar de amor? Ora se foi pelo amor que todo Exu foi salvo, então o amor é bom e o respeito a ele conserva-nos no caminho. Este é o meu mistério. Em qualquer lugar da calunga, pratique com amor e respeito a sua religião e ofereça velas pretas, vermelhas e roxas, farofa de pinga com miúdos de boi. Acenda de um a sete charutos, sempre em números ímpares e aguardente. De acordo com o número de velas, se acender sete velas, assente sete copos e sete charutos, assim por diante. Agrupe sempre as velas da mesma cor juntas e forme um triângulo com o vórtice voltado para si, as velas roxas no vórtice, as pretas à esquerda e as vermelhas à direita, simbolizando a sua fidelidade e companheirismo para conosco, pois Exu Caveira abomina traição e infidelidade, como, por exemplo, o aborto, isto não é tolerado por mim e todos os que praticam tal ato é então condenado a viver sob as hostes severas de meu mistério. Peça o que quiser com fé, e com fé lhes trarei, pois todos os Exus Caveira são fiéis aos seus médiuns e àqueles que nos procuram.
A falange de Exus Caveira pertence à falange do Grande Tatá Caveira, que é o pai de todos os Exus assentados à esquerda do Divino Omulu, os demais não posso citar, falo apenas do meu mistério, pois dele eu tenho conhecimento e licença para abrir o que acho necessário e básico para o vosso aprendizado, quanto ao mais, busquem com vossos Exus pessoais, que são grandes amigos de seus filhos e certamente saberão orientar com carinho sobre vossas dúvidas. Um último detalhe a ser revelado é que todos os que têm Exu Caveira como Exu de trabalho ou protetor, é porque em algum momento do passado, pecaram contra a criação ou à geração e ambos, protetor e protegido tem alguma correlação com estes atos errôneos de vidas anteriores.Tenham certeza, se seguirem corretamente as orientações, com trabalho e disciplina, o mesmo que sucedeu com meu antigo e grande sumo sacerdote, sucederá com vocês também, porque este é o nosso desejo. Mais a mais, se um Exu de minha falange consegue vencer através de seu médium ou protegido, ele automaticamente alcança o direito de sair do embaixo e galgar os degraus da evolução em outras esferas.
Que o Divino Pai maior possa lhes abençoar e que a Lei Maior e a Justiça Divina lhes dêem as bênçãos de dias melhores.
Com carinho
Senhor Exu Caveira.
José Augusto Barboza

segunda-feira, 7 de setembro de 2009

História da Pombogira da Rosa Vermelha

A tarde caia lentamente.
Assustada, Rubia Carmem apertou o passo quando percebeu que um homem a seguia.
Era Felinto, o bêbado da cidade.
Tentou entrar por ruelas estreitas para despistar seu perseguidor.
No entanto, ele continuava caminhando, a poucos passos dela.
Rubia Carmem lançava olhares para todas as direções tentando encontrar alguém que a pudesse ajudar, mas era vão.
A cidade estava deserta.
Nem os moleques que costumavam correr por ali todas as tardes se faziam presentes nesse dia.
Já tinha ouvido falar das grandes bebedeiras daquele homem,porém nunca soube que ele houvesse feito mal a alguém.
Mesmo assim,a respiração pesada,que ouvia,vinda dele,a cada passo que dava,deixava-a apavorada e insegura quanto ao motivo daquela perseguição.
Nunca saia sozinha.
Aos dezessete anos,era uma moça de rara beleza e seus irmãos mais velhos nunca permitiam que fosse às ruas sem ter,ao menos um deles,como acompanhante.
Nessa tarde escapara da vigilância cerrada e fora ao campo respirar um pouco de ar puro.
Ao retornar, satisfeita por ter fugido um pouco da rotina,percebera os passos de Felinto e seu coração gelou.
Havia algo de muito errado naquela atitude.
Agora já estava correndo.
Ele corria também.
As mãos fortes do homem agarraram-na e uma delas imediatamente cobriu-lhe a boca.
A mão livre corria pelo seu corpo.
Ela já não tinha dúvida quanto ao interesse que despertara.
Freneticamente tenta se livrar,mas ele é muito forte.
Uma dor aguda anuncia que chegara ao fim.
Aquele infeliz tomara sua virgindade à força.
Com os olhos nublados pelo ódio vê o homem levantar-se com um sorriso cínico dirigido a ela.
Num relance,percebe,perto de si,uma grande pedra pontiaguda.
Com rapidez se ergue já com a pedra na mão.
Felinto está de costas, absorvido na tarefa de fechar a calça.
Sem titubear,ela atinge sua cabeça com um golpe certeiro.
Surpreso,o homem se vira.
O sangue corre pelo seu rosto.
Tomado de ódio e dor,agarra Rubia Carmem novamente e aperta-lhe o pescoço com extrema violência.
Caem ambos por terra.
A moça ainda vê a morte passar pelos olhos do homem,antes de também exalar o último suspiro.
O caminhar do espírito de Rubia Carmem,por vales sombrios,foi longo e doloroso.
De outras encarnações trazia pesada carga.
O assassinato de Felinto só fez aumentar,seu período de sofrimento em busca de conhecimento e luz.
Hoje, em nossos terreiros,se chama Rosa Vermelha.
A pomba- gira dos grandes amores.
Discreta e bela,sua incorporação encanta a todos que a conhecem.
Saravá a Pombo-gira Rosa Vermelha
Alaroyê Divina Mulher!

Zé Pelintra

De manhã cedo
Quando eu desço a ladeira
A nega pensa que eu vou trabalhar
Eu trago o meu baralho no bolso
Meu cachecol no pescoço e vou pra barão de mauá
Trabalhar...
Rrabalhar pra que?
Se eu trabalhar eu vou morrer!
Trabalhar...
Trabalhar pra que?
Se eu trabalhar eu vou morrer!

Ogum

Ogum
Zeca Pagodinho
Composição: Marquinhos PQD/Claudemir

Eu sou descendente Zulu
Sou um soldado de Ogum
Um devoto dessa imensa legião de Jorge
Eu sincretizado na fé
Sou carregado de axé
E protegido por um cavaleiro nobre

Sim vou à igreja festejar meu protetor
E agradecer por eu ser mais um vencedor
Nas lutas nas batalhas
Sim vou ao terreiro pra bater o meu tambor
Bato cabeça firmo ponto sim senhor
Eu canto pra Ogum

Ogumm
Um guerreiro valente que cuida da gente que sofre demais

Ogumm
Ele vem de aruanda ele vence demanda de gente que faz

Ogumm
Cavaleiro do céu escudeiro fiel mensageiro da paz

Ogumm
Ele nunca balança ele pega na lança ele mata o dragão

Ogumm
É quem da confiança pra uma criança virar um leão

Ogumm
É um mar de esperança que traz abonança pro meu coração

(Jorge Ben Jor)
Deus adiante paz e guia
Encomendo-me a Deus e a virgem Maria minha mãe ..
Os doze apóstolos meus irmãos
Andarei nesse dia nessa noite
Com meu corpo cercado vigiado e protegido
Pelas as armas de são Jorge
São Jorge sendo com praça na cavalaria
Eu estou feliz porque eu também sou da sua companhia
Eu estou vestido com as roupas e as armas de Jorge
Para que meus inimigos tendo pé não me alcancem
Tendo mãos não me pegue não me toquem
Tendo olhos não me enxerguem
E nem em pensamento eles possam ter para me fazerem mal
Armas de fogo o meu corpo não alcançara
Facas e lanças se quebrem se o meu corpo tocar
Cordas e correntes se arrebentem se ao meu corpo amarrar
Pois eu estou vestido com as roupas e as armas de Jorge
Jorge é da Capadócia.

Ogum


OGUM
Senhor das Estradas
Caminhe conosco,ao nosso lado, sob a tua guarda,nada poderá deter-nos
Que o escudo, a espada e a lança de OGUM,protejam a fraternidade entre os povos e a paz no mundo!
Louvado seja OGUM!

Ogum


Eu não seria nada
Se não fosse Ogum para abrir a minha estrada
Eu não seria...
Eu não seria nada
Se não fosse Ogum para abrir a minha estrada
Valente guerreiro
Por aqui chegou
Vencedor de demanda
Meu protetor
Em sua Trajetoria
Meu pai luta contra o mal
Foi nos campos de batalha
Que se tornou general
Eu não seria...
Eu não seria nada
Se não fosse Ogum para abrir a minha estrada
Eu não seria nada
Se não fosse Ogum para abrir a minha estrada
Salve Ogum de Ronda!
Salve Ogum Megê!
Saravá Beira-Mar,Ogum Yara e Dilê!
Salve toda a falange
Do glorioso guerreiro
Que corta toda demanda
Aqui dentro do terreiro
Eu não seria...
Eu não seria nada
Se não fosse Ogum para abrir a minha estrada
Eu não seria nada
Se não fosse Ogum para abrir a minha estrada
Valente guerreiro
Por aqui chegou
Vencedor de demanda
Meu protetor
Em sua Trajetoria
Meu pai luta contra o mal
Foi nos campos de batalha
Que se tornou general
Eu não seria...
Eu não seria nada
Se não fosse Ogum para abrir a minha estrada
Eu não seria nada
Se não fosse Ogum para abrir a minha estrada
Salve Ogum de Ronda!
Salve Ogum Megê!
Saravá Beira-Mar,Ogum Yara e Dilê!
Salve toda a falange
Do glorioso guerreiro
Que corta toda demanda
Aqui dentro do terreiro
Eu não seria...
Eu não seria nada
Se não fosse Ogum para abrir a minha estrada
Eu não seria nada
Se não fosse Ogum para abrir a minha estrada

Ogum Megê

Salve Ogum!
Na minha mão direita eu trago a espada de Ogum Megê.
Mas ele é meu pai na Aruanda!
Mas ele é meu pai auê!

Caboclos


Os Caboclos, na Umbanda,são entidades que se apresentam como indígenas e incorporam no Candomblé de Caboclo.As entidades denominadas de Caboclos ,que apresentam-se nos terreiros de Umbanda e são espíritos com um grau espiritual muito elevado.Existem diversas linhas de atuação que um caboclo pode apresentar-se diante seu médium.
Quando digo linha,refiro-me as essências da hierarquia de DEUS,os Sagrados Orixás.Se muito evoluidos diante os ditames de DEUS,em sua prática efetiva da benevolência Divina,podem,inclusive,atuar sob a outorga de mais de um Orixá Essêncial, ou seja, apresentando-se como um Caboclo de Oxóssi, Ogum e Xangô ao mesmo tempo, atuante nas três vibrações, ou mais.Na Umbanda verdadeira,a linha de Caboclo e a linha de Preto Velho são as únicas fundamentalmente capacitadas,diante seu grau de evolução,a apresentar-se como mentores de um médium,ou seja,são as únicas entidades que podem responder diretamente ao(Orixá de Cabeça) de um médium,sem desequilibrar a vida disciplinar do médium,própriamente dito.
O que um Caboclo acessa, um Exú,mesmo Exú de Lei,não acessa,devido seu grau de ascensão espiritual.Como em todas as linhas de Umbanda,os caboclos são hierarquicamente organizados, existindo chefes de falange e subordinados.Os caboclos são muito espertos e rápidos quando o assunto é doença e para a cura com ervas conhecem muitos tipos de ervas e para que elas servem como devem ser usadas e é uma gira que traz muita bondade,paz ,tranquilidade e principalmente amor.
Alguns nomes de caboclos que apresentam-se na Umbanda,em linhas respectivas.Baseado no texo acima gostaria de acrescentar que,hoje existem muitos "terreiros" que na verdade sao falsos e muitos enganadores, a verdadeira Umbanda é uma religiao que merece nosso respeito e carinho pelo papel de caridade que leva a milhares de pessoas,e deve ser respeitada como todas outras religioes, agora os adeptos da Umbanda ou os novos adeptos tem que se precaver contra a obssessao e a mistificaçao tao comum em locais despreparados,o adepto interressado tem que saber conhecimentos fundamentais sobre a doutrina em si.
Ex: estar em sintonia com seu anjo da guarda que vem em primeiro lugar,conhecer e aprender sobre a pratica da oração,conhecer a real funçao de Exú como protetores de um grau diferente e saber que sua funcao se baseia na Justiça e nao na vingança como muitos os cultuam.

==Oxóssi==
*Cabocla Jurema* Cabocla Jacira* Caboclo Tupinambá* Caboclo Gira Mundo* Caboclo Arruda* Caboclo das Sete Encruzilhadas* Caboclo Pena Branca, Verde, vermelha, dourada, etc.* Caboclo Sete Flexas* Caboclo Jibóia* Caboclo Aguia Branca* Caboclo Flecha Dourada* Caboclo Aymoré* Caboclo Sete Estrelas* Caboclo Rompe Mato* Caboclo Tira Teima* Caboclo Lírio Branco, Verde ou Azul* Caboclo Cobra Coral* Caboclo Arranca Toco* Caboclo Treme Terra* Caboclo Névoa Negra* Caboclo Sultão das Matas* Caboclo Ventania* Caboclo Mata Virgem* Caboclo Tupi* Caboclo Ubirajara* Caboclo Roxo* Caboclo Grajaúna* Caboclo Samambaia* Caboclo Jupira* Cabocla Jussara* Caboclo Araribóia* Caboclo Urubatão* Caboclo Gira Mundo* Caboclo Cipó* Caboclo Flecheiro* Caboclo Rompe Nuvem* Cabocla Itapotira* Cabocla Jandira

==Ogum==
* Caboclo Ogum Iara* Caboclo Ogum Megê* Caboclo Ogum Matinata* Caboclo Ogum Sete Espadas* Caboclo Ogum Rompe-Mato* Caboclo Ogum Pantera Negra* Caboclo Ogum Sete Ondas* Caboclo Ogum Beira Mar* Caboclo Ogum Beira Rio* Caboclo Ogum de Ronda* Caboclo Ogum Lua* Caboclo Ogum das Matas* Caboclo Ogum de Lei

==Xangô==
* Caboclo Serra Negra* Caboclo Sete Pedreiras* Caboclo Lírio Branco* Caboclo Pedra Roxa* Caboclo Pedra Preta, branca, roxa, azul,etc* Caboclo Sete Montanhas* Caboclo Sete Cachoeiras* Caboclo Quebra Pedra*

Origem da Umbanda


Origem da Umbanda

A Umbanda tem origens variadas (dependendo da vertente que a pratica).
Em meio as festas nas senzalas os negros escravos comemoravam os Orixás por meio dos Santos Católicos. Nessas festas eles incorporavam seus Orixás, mas também começaram a incorporar os espíritos ditos ancestrais, como os Pretos-Velhos ou Pais Velhos (espíritos de ancestrais, (que não era de antigos Babalaôs, Babalorixás, pois esses são cultuados no Culto aos Egungun em Itaparica, Bahia, e nem Iyalorixás pois essas são cultuadas no Culto das Iyás) eram antigos "Pais e Mães de Senzala": escravos mais velhos que sobreviveram à senzala e que, em vida, eram conselheiros e sabiam as antigas artes da religião da distante África), que iniciaram a ajuda espiritual e o alívio do sofrimento material daqueles que estavam no cativeiro.
Embora houvesse uma certa resistência por parte de alguns, pois consideravam os espíritos incorporados dos Pretos-Velhos como Eguns (espírito de pessoas que já morreram e não são cultuados no candomblé), também houve admiração e devoção.
Com os escravos foragidos, forros e libertados pelas leis do Ventre Livre, Sexagenário e posteriormente a Lei Áurea, começou-se a montagem das tendas, posteriormente terreiros.
Em alguns Candomblés também começaram a incorporar Caboclos (índios das terras brasileiras como Pajés e Caciques) que foram elevados à categoria de ancestral e passaram a ser louvados. O exemplo disso são os ditos Candomblé de Caboclo. Muito comuns no norte e nordeste do Brasil até hoje.
No início do século XX com o surgimento da Umbanda, esta que muitas vezes era realizada nas praias começou a ser conhecida pelo termo macumba, pois macumba nada mais é que um determinado tipo de madeira usada para produzir o atabaque usado durante as giras; por ser um instrumento musical, as pessoas referiam-se da seguinte forma: "Estão batendo a macumba na praia", ficando então conhecidas as giras como macumbas ou culto Omoloko. Com o passar do tempo, tudo que envolvia algo que não se enquadrava nos ensinamentos impostos pelo catolicismo, protestantismo, judaísmo, etc, era considerado macumba. Com isso, acabou por virar um termo pejorativo.
Visões sobre o vocábulo Umbanda
Referência Histórioco-Literária
A mais antiga referência literária e denotativa ao termo Umbanda é de Heli Chaterlain, em Contos Populares de Angola, de 1889. Lá aparece a referência à palavra Umbanda, como: curador, magia que cura, sinônimo de Kimbanda.
Visão Esotérica sobre o vocábulo Umbanda
Segundo a corrente esotérica que existe na Umbanda, a origem do vocábulo Umbanda estaria na raiz sânscrita AUM que, na definição de Helena Petrovna Blavatsky, em seu Glossário Teosófico, significa a sílaba sagrada; a unidade de três letras; daí a trindade em um. É uma sílaba composta pelas letras A, U e M (das quais as duas primeiras combinam-se para formar a vogal composta O). É a sílaba mística, emblema da divindade, ou seja, a Trindade na Unidade (sendo que o A representa o nome de Vishnu; U, o nome de Shiva, e M, o de Brahmâ); é o mistério dos mistérios; o nome místico da divindade, a palavra mais sagrada de todas na Índia, a expressão laudatória ou glorificadora com que começam os Vedas e todos os livros sagrados ou místicos. As outras palavras componentes se supõem, como: Bandha, de origem sânscrita, no mesmo glossário significa laço, ligadura, sujeição, escravidão. A vida nesta terra.
Autores dessa corrente esotérica, analisando as duas palavras, definiram Umbanda como sendo a junção dos termos Aum + Bandha, que seria o elo de ligação entre os planos divino e terreno. A palavra mântrica Aumbandha foi sendo passada de boca a ouvido e chega até nós como Umbanda.
Formas variadas da Umbanda
A incorporação de guias também ocorreu em outras religiões como no Candomblé de Caboclos ( desde de 1865 - as primeiras manifestações de Caboclos, Boiadeiros, Marinheiros, Crianças e Pretos-velhos aconteceram dentro do Candomblé de Caboclos ), no Catimbó e em centros Espíritas (onde não eram aceitos e, muitas vezes, expulsos ou pedidos a se retirar, por serem vistos como espíritos não evoluídos, ou mesmo, como obsessores).
Uma das versões mais aceitas popularmente, mas não cientificamente, pois não existe documentação da época para corroborá-la, é a sobre o médium Zélio Fernandino de Moraes.
Diz essa versão que Zélio, em 15 de novembro de 1908, acometido de doença misteriosa, teria sido levado a Federação Espírita de Niterói e, em determinado momento dos trabalhos da sessão Espírita manifestaram-se em Zélio espíritos que diziam ser de índio e escravo. O dirigente da Mesa pediu que se retirassem, por acreditar que não passavam de espíritos atrasados (sem doutrina). Mais tarde, naquela noite, os espíritos se nomearam como Caboclo das Sete Encruzilhadas e Pai Antônio.
Devido a hostilidade e a forma como foram tratados (como espíritos atrasados por se manifestarem como índio e um negro escravo). Essas entidades resolveram iniciar uma nova forma de culto, em que qualquer espírito pudesse trabalhar.
No dia seguinte, dia 16 de novembro, as entidades começaram a atender na residência de Zélio todos àqueles que necessitavam, e, posteriormente, fundaram a Tenda espírita Nossa Senhora da Piedade.
Essa nova forma de religião inicialmente foi chamada de Alabanda, mas acabou tomando o nome de Umbanda. Uma religião sem preconceitos que acolheria a todos que a procurassem: encarnados e desencarnados, em todas bandas.
Zélio foi o precursor de um "trabalho Umbandista Básico" (voltado à caridade assistêncial, sem cobrança e sem fazer o mal e priorizando o bem), uma forma "básica de culto" (muito simples), mas aberta à junção das formas já existentes (ao próprio Candomblé nos cultos Nagôs e Bantos, que deram origem às religioes mais africanas - Umbanda Omoloko, Umbanda de pretos-velhos; ou aquelas formas mais vinculadas à Doutrina Espírita - Umbanda Branca; ou aquelas formas oriundas da Pajelança do índio brasileiro - Umbanda de Caboclo; ou mesmo formas mescladas com o esoterismo de Papus - Gérard Anaclet Vincent Encausse, esoterismo teosófico de Helena Petrovna Blavatsky (1831-1891), de Joseph Alexandre Saint-Yves d´Alveydre - Umbanda Esotérica, Umbanda Iniciática, entre outras) que foram se mesclando e originando diversas correntes ou ramificações da Umbanda com suas próprias doutrinas, ritos, preceitos, cultura e características próprias dentro ou inerentes à prática de seus fundamentos.
Hoje temos várias religiões com o nome "Umbanda" ( Linhas Doutrinárias ) que guardam raízes muito fortes das bases iniciais, e outras, que se absorveram características de outras religiões, mas que mantém a mesma essência nos objetivos de prestar a caridade, com humildade, respeito e fé.
Alguns exemplos dessas ramificações são:
Umbanda Popular - Que era praticada antes de Zélio e conhecida como Macumbas ou Candomblés de Caboclos; onde podemos encontrar um forte sincretismo - Santos Católicos associados aos Orixas Africanos;
Umbanda tradicional - Oriunda de Zélio Fernandino de Moraes;
Umbanda Branca e/ou de Mesa - Nesse tipo de Umbanda, em grande parte, não encontramos elementos Africanos - Orixás -, nem o trabalho dos Exus e Pomba-giras, ou a utilização de elementos como atabaques, fumo, imagens e bebidas. Essa linha doutrinária se prende mais ao trabalho de guias como caboclos, pretos-velhos e crianças. Também podemos encontrar a utilização de livros espíritas como fonte doutrinária;
Umbanda Omolokô - Trazida da África pelo Tatá Tancredo da Silva Pinto. Onde encontramos um misto entre o culto dos Orixás e o trabalho direcionado dos Guias;
Umbanda Traçada ou Umbandomblé - Onde existe uma diferenciação entre Umbanda e Candomblé, mas o mesmo sacerdote ora vira para a Umbanda, ora vira para o candomblé em sessões diferenciadas. Não é feito tudo ao mesmo tempo. As sessões são feitas em dias e horários diferentes;
Umbanda Esotérica - É diferenciada entre alguns segmentos oriundos de Oliveira Magno, Emanuel Zespo e o W. W. da Matta (Mestre Yapacany), em que intitulam a Umbanda como a Aumbhandan: "conjunto de leis divinas";
Umbanda Iniciática - É derivada da Umbanda Esotérica e foi fundamentada pelo Mestre Rivas Neto (Escola de Síntese conduzida por Yamunisiddha Arhapiagha), onde há a busca de uma convergência doutrinária (sete ritos), e o alcance do Ombhandhum, o Ponto de Convergência e Síntese. Existe uma grande influência Oriental, principalmente em termos de mantras indianos e utilização do sanscrito;
Umbanda de Caboclo - influência do cultura indígina brasileira com seu foco principal nos guias conhecidos como "Caboclos";
Umbanda de pretos-velhos - influência da cultura Africana, onde podemos encontrar elementos sincréticos, o culto aos Orixás, e onde o comando e feito pelos pretos-velhos;

Outras formas existem, mas não têm uma denominação apropriada. Se diferenciam das outras formas de Umbanda por diversos aspectos peculiares, mas que ainda não foram classificadas com um adjetivo apropriado para ser colocado depois da palavra Umbanda.

Lendas de Oxalá


Olodumaré entregou a Oxalá o saco da criação para que ele criasse o mundo.Porém essa missão não lhe dava o direito de deixar de cumprir algumas obrigações para outros Orixás e Exu, aos quais ele deveria fazer alguns sacrifícios e oferendas.
Oxalá pôs a caminho apoiado em um grande cajado, o Paxorô.No momento em que deveria ultrapassar a porta do além,encontrou-se com Exu que, descontente porque Oxalá se negara a fazer suas oferendas,resolveu vingar-se provocando em Oxalá uma sede intensa.
Oxalá não teve outro recurso senão o de furar a casca de um tronco de um dendezeiro para saciar a sua sede.Era o vinho de palma o qual Oxalá bebeu intensamente, icou bêbado, não sabia onde estava e caiu adormecido.
Apareceu então Olófin Odùduà que vendo o grande Orixá adormecido roubou-lhe o saco da criação e em seguida foi a procura de Olodumaré,para mostrar o que teria achado e contar em que estado Oxalá se encontrava.
Olodumaré disse então que “se ele esta neste estado vá você a Odùduà,vá você Odùduà foi então em busca da criação e encontrou um universo de água,e aí deixou cair do saco o que estava dentro, era terra. Formou-se então um montinho que ultrapassou a superfície das águas. Então ele colocou a galinha cujos pés tinham cinco garras.
Ela começou a arranhar e a espalhar a terra sobre a superfície da água, onde ciscava cobria a água, e a terra foi alargando cada vez mais.Odùduà ali se estabeleceu, seguido pelos outros Orixás e tornou-se assim rei da terra.
Quando Oxalá acordou, não encontrou mais o saco da criação.Despeitado, procurou Olodumaré, que por sua vez proibiu,como castigo a Oxalá e toda sua família,de beber vinho de palma e de usar azeite de dendê.Mas como consolo lhe deu a tarefa de modelar no barro o corpo dos seres humanos nos quais ele,Olodumaré insuflaria a vida. riar o mundo”.

Omulu

Filho de Oxalá e Nanã,nasceu com chagas,uma doença de pele que fedia e causava medo aos outros, sua mãe Nanã, não o podia ver, pois,morria de medo da varíola,que já havia matado muita gente no mundo.Por esse motivo Nanã, o abandonou na beira do mar.
Ao sair em seu passeio pelas areias que cercavam o seu reino, Iemanjá encontrou um cesto contendo uma criança.Reconhecendo-a como sendo filho de Nanã, pegou-a em seus braços e a criou como seu filho em seus seios lacrimosos.
O tempo foi passando e a criança cresceu e tornou um grande guerreiro,feiticeiro e caçador,ainda se cobria com a palha da costa,não ainda para esconder as chagas com a qual nasceu e sim porque seu corpo brilhava como a luz do sol e por isso não podia ser visto a olho nu.
Um dia Iemanjá chamou Nanã e apresentou-a a seu filho Xapanã, dizendo:
_Xapanã, meu filho receba Nanã sua mãe de sangue.Nanã, este é Xapanã nosso filho.
E assim Nanã foi perdoada por Omulú e este passou a conviver com suas duas mães.

Lendas de Iansã



Ventos e Eguns


Conta umas das lendas de Iansã, a primeira esposa de SÀNGÓ, teria ido, a seu mandato, a um reino vizinho buscar 3 cabaças que estava com Obalúayé. Foi dito a ela que não abrisse estas cabaças, as quais ela deveria trazer de volta a SÀNGÓ. Iansã foi e lá Obalúayè recomendou mais uma vez que não deixasse as cabaças caírem e quebrarem e, se isto acontecesse, que ela não olhasse e fosse embora. Iansã ia muito apressada e não aguentava mais segurar o segredo.
Um pouco mais à frente quebrou a primeira cabaça, desrespeitando a vontade de Obalúayé. Saíram de dentro da cabaça os ventos que a levou para o céus. Quando terminaram os ventos, Iansã voltou e quebrou a segunda cabaça. Da segunda cabaça saíram os Eguns.
Ela se assustou e gritou:
_Reiiii!
Na vez da terceira cabaça SÀNGÓ chegou e pegou para si, que era a cabaça do fogo, dos raios.Ela tinha um temperamento ardente e impetuoso. Foi a única entre as mulheres de SÀNGÓ que , no fim do seu reinado, o seguiu em sua fuga para Tapá. Quando ele recolheu-se para baixo da terra em Cosso, ela fez o mesmo em Yiá.

A Ira da Mulher Búfalo


Ogum foi caçar na floresta, como fazia todos os dias. De repente, um búfalo veio em sua direção rápido como um relâmpago; notando algo de diferente no animal, ogum tratou de segui-lo. O búfalo parou em cima de um formigueiro, baixou a cabeça e despiu sua pele, transformando-se numa linda mulher. Era yansan, coberta por belos panos coloridos e braceletes de cobre.
Yansan fez da pele uma trouxa, colocou os chifres dentro e escondeu-a no formigueiro, partindo em direção ao mercado, sem perceber que ogum tinha visto tudo. Assim que ela se foi, ogum se apoderou da trouxa, guardando-a em seu celeiro.Depois foi a cidade, e passou a seguir a mulher até que criou coragem e começou a cortejá-la. Mas como toda mulher bonita, ela recusou a corte. Quando anoiteceu ela voltou à floresta e, para sua surpresa, não encontrou a trouxa. Tornou à cidade e encontrou ogum, que lhe disse estar com ele o que procurava. Em troca de seu segredo ( pois ele sabia que ela não era uma mulher e sim animal ), yansan foi obrigada a se casar com ele; apesar disso, conseguiu estabelecer certas regras de conduta, dentre as quais proibi-lo de comentar o assunto com qualquer pessoa.
Chegando em casa, ogum explicou suas outras esposas que yansan iria morar com ele e que em hipótese alguma deveriam insultá-la. Tudo corria bem; enquanto ogum saía para trabalhar, yansan passava o dia procurando sua trouxa.Desse casamento nasceram nove filhos, o que despertou ciúmes das outras esposas, que eram estéreis. Uma delas, para vingar-se, conseguiu embriagar ogum e ele acabou relatando o mistério que envolvia yansan. Logo que o marido se ausentou, elas começaram a cantar: "Você pode beber, comer e exibir sua beleza, mas a sua pele está no depósito, você é um animal." Iansã compreendeu a alusão. Depois que yansan encontrou então sua pele e seus chifres. Assumiu a forma de búfalo e partiu para cima de todos, poupando apenas seus filhos.
Decidiu voltar para a floresta, mas não permitiu que os filhos a acompanhassem, porque era um lugar perigoso. Deixou com eles seus chifres e orientou-os para, em caso de perigo deveriam bater os chifres um contra o outros; com esse sinal ela iria socorrê-los imediatamente. E por esse motivo que os chifres estão presentes nos assentamentos de yansan/oya.

O Sopro


Osogyian estava em guerra, mas a guerra não acabava nunca, tão poucas eram as armas para guerrear. Ògún fazia as armas, mas fazia lentamente. Osogyian pediu a seu amigo Ògún urgência, mas o ferreiro já fazia o possível. O ferro era muito demorado para se forjar e cada ferramenta nova tardava como o tempo.
Tanto reclamou Osaguiã que Oyá, esposa do ferreiro, resolveu ajudar Ògún a apressar a fabricação.Oyá se pôs a soprar o fogo da forja de Ògún e seu sopro avivava intensamente o fogo e o fogo aumentado de calor derretia o ferro mais rapidamente. Logo Ògún pode fazer muitas armas e com as armas Osogyian venceu a guerra. Osogyian veio então agradecer Ògún. E na casa de Ògún enamorou-se de Oyá.
Um dia fugiram Osogyian e Oyá, deixando Ògún enfurecido e sua forja fria. Quando mais tarde Osogyian voltou à guerra e quando precisou de armas muito urgentemente, Oyá teve que voltar a avivar a forja. E lá da casa de Osogyian, onde vivia, Oyá soprava em direção à forja de Ògún. E seu sopro atravessava toda a terra que separava a cidade de Osogyian da de Ògún. E seu sopro cruzava os ares e arrastava consigo pó, folhas e tudo o mais pelo caminho, até chegar às chamas com furor atiçava. E o povo se acostumou com o sopro de Oyá cruzando os ares e logo o chamou de vento.
E quanto mais a guerra era terrível e mais urgia a fabricação das armas, mais forte soprava Oyá a forja de Ògún. Tão forte que às vezes destruía tudo no caminho, levando casas, arrancando árvores, arrasando cidades e aldeias.O povo reconhecia o sopro destrutivo de Oyá e o povo chamava a isso tempestade.


Respeito


Oiá desejava ter filhos, mas não podia conceber Oiá foi consultar um babalaô e ele mandou que ela fizesse um ebó. Ela deveria oferecer um carneiro, um agutã, muitos búzios e muitas roupas coloridas. Oiá fez o sacrifício e teve nove filhos.
Quando ela passava, indo em direção ao mercado, o povo dizia:"Lá vai Iansã".Lá ia Iansã, que quer dizer mãe nove vezes.E lá ia ela toda orgulhosa ao mercado vender azeite-de-dendê. Oiá não podia ter filhos, mas teve nove, depois de sacrificar um carneiro, e em sinal de respeito por seu pedido atendido Iansã, a mãe de nove filhos, nunca mais comeu carneiro.


Corajosa e Atrevida


Certa vez houve uma festa com todas as divindades presentes. Omulu-Obaluaê chegou vestindo seu capucho de palha. Ninguém o podia reconhecer sob o disfarce e nenhuma mulher quis dançar com ele. Só Oiá, corajosa, atirou-se na dança com o Senhor da Terra.
Tanto girava Oiá na sua dança que provocava vento.E o vento de Oiá levantou as palhas e descobriu o corpo de Obaluaê. Para surpresa geral, era um belo homem. O povo o aclamou por sua beleza.Obaluaê ficou mais do que contente com a festa, ficou grato e em recompensa, dividiu com ela o seu reino. Fez de Oiá a rainha dos espíritos dos mortos. Rainha que é Oiá Igbalé, a condutora dos eguns.
Oiá então dançou e dançou de alegria para mostrar a todos seu poder sobre os mortos, quando ela dançava , agitava no ar o iruquerê, o espanta-mosca com que afasta os eguns para o outro mundo.Rainha Oiá Igbalé, a condutora dos espíritos.Rainha que foi sempre a grande paixão de Omulu

Iansã

Filha de Nanã. Ela é a deusa dos ventos, das tempestades, dos tufões, dos elementos aéreos ligados ao relâmpago (ar + movimento = ao fogo). É a deusa do rio Níger da África que em iorubá, chama-se Odò Oya. Comanda os eguns (os mortos). Extrovertida e sensual como poucas. Foi a primeira esposa de Xangô. Tinha um temperamento ardente e impetuoso. Destemida, justiceira e guerreira, não teme a nada.
Registram-se, em literatura, 17 qualidades sendo as mais conhecidas: Oya, Onyra, Bagam, Egunita, Benek, Cenou, Bomini e Muriai, a Iansã-do-Bale que preside a festa dos Egun).